(*) Texto publicado na minha Coluna Gestão, no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com)
De repente, o uso das máscaras tem se tornado uma "febre" em
todo o Brasil. Em algumas cidades brasileiras, como Fortaleza e Belém, foi
adotado o lockdown. Uma medida extrema que torna mais limitada a circulação das
pessoas.
Tudo isso é muito bom e importante. Todas essas medidas são muito
bem-vindas. Não restam dúvidas que as medidas são acertadas. O problema é que
elas, além de tantas outras, deveriam ter sido adotadas há mais tempo. Eu
diria, há muito mais tempo.
Minha crítica é que as medidas deveriam ter sido parte de nosso cardápio
com a necessária antecedência, isto é, muito antes do início da proliferação do
vírus. Eu arriscaria a dizer que, no mínimo, há, pelo menos, 60 dias atrás.
Exagero? Nenhum.
Antecipação + medidas profiláticas. Eis a equação da vida em tempos de
pandemia.
Demoramos muito! Aliás, continuamos demorando.
Negligenciamos muito! Aliás, continuamos negligenciando.
Aguardamos passivamente o vírus se encorpar. Ficamos na retranca. Acanhados.
Lá atrás. Preferimos contar estrelas.
Enquanto isso, o vírus ganhava vigor. Nutria-se. Energizava-se. Avolumava-se.
Crescia e se proliferava. Ganhava massa muscular. Tornou-se forte o suficiente para
ameaçar nossa própria existência. No momento oportuno ele deu o bote. Como uma
cobra.
Tudo porque não fizemos o dever de casa.
Sentiu-se à vontade. Desceu do avião. Pegou suas bagagens. Circulou
livremente em nossos aeroportos. Passou por nossas alfândegas sem ao menos ser
questionado. Tomou um táxi. Hospedou-se em hotéis. Circulou pelas cidades,
bares e casas noturnas.
Descobriu restaurantes. Visitou padarias e botequins. Passou por nossas
praças e avenidas. Conheceu pontos turísticos. Foi ao cinema e ao teatro.
Compartilhou conosco a mesma condução. O mesmo ônibus. O mesmo metrô. Esteve em
nossos parques e academias.
Começou a fazer parte de nosso quotidiano.
Até chegar em nosso lar...
Entrou pela porta da frente. Sentou-se confortavelmente no sofá da sala.
Assistiu televisão conosco. Silenciosamente. Sem desconfiarmos de nada.
Depois foi à cozinha. Comeu em nossa própria mesa. Abriu a geladeira e pegou
um copo com água.
Ao fim de tudo, despediu-se; deixando atrás de si um rastro de saudade,
dor e sofrimento que só alguns dias depois iria se manifestar.
De fato. Poucos foram os lugares do mundo em que o novo coronavírus tivesse
sido recepcionado tão calorosamente.
O resultado? Não preciso nem
comentar. Todos nós temos a resposta.
Alipio Reis Firmo Filho
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