domingo, 9 de julho de 2023

"PAI, PERDOA-LHES, POIS NÃO SABEM O QUE FAZEM"

 

A frase que encabeça este texto é uma das mais conhecidas e também uma das mais contundentes da História da humanidade. Foi proferida por Jesus Cristo quando, no alto da cruz, era ultrajado por uma multidão que parecia deliciar-se com seu sofrimento. Cristo foi alvo dos mais diversos insultos. Disso todos nós sabemos. 

Muitos dos que ali estavam ouviram essa frase e muito provavelmente não compreenderam o seu alcance, o seu conteúdo e muito menos o seu significado. Talvez tivessem achado que o próprio Cristo havia  perdido completamente o uso da razão, tal o grau de sofrimento que lhe havia sido imposto.  

Na verdade, a frase "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem" carrega em si um significado estupendo. Tão extraordinário que inúmeras lições e aprendizados podem ser dela extraídos. 

Em primeiro plano, ela deixa transparecer a divindade de Cristo. Só alguém com a natureza divina conseguiria enxergar tudo "do alto". De "cima para baixo". Numa visão que vai muito além das dimensões percebidas pelos sentidos humanos. A frase foi a expressão viva de quem tem a capacidade de ver os corações humanos. De enxergar o ser humano por dentro. Como se fosse uma ressonância magnética do pobre, imperfeito e limitadíssimo coração humano. 

"Pai, perdoe-lhes, pois eles não sabem o que fazem" é a frase proferida por alguém que conhece como ninguém os segredos que cercavam cada um dos corações ali presentes. Corações imperfeitos. Corações enfermos. Corações presos a este mundo. Corações sofridos. Corações egoístas. Corações imediatistas. Corações cegos ou com visões bastante distorcidas da realidade. Corações ressequidos pelo pecado, pelas dores e vicissitudes deste mundo. Corações sufocados pelos mais horrendos sentimentos humanos. Numa palavra: corações carentes de amor e carinho.  Diante deste cenário desolador era impossível para o Homem-Deus não perdoar. À maneira daquele pai que, vendo ao longe seu filho (pródigo), corre ao seu encontro, abraçando-o e cobrindo-o de beijos e afagos.  

Sim. Cristo falava como Deus. Como quem está acima e além da natureza humana. Como alguém que estava e não estava ali ao mesmo tempo. Um personagem que paira sobre o tempo e o espaço. Como disse anteriormente, um alguém que consegue enxergar as coisas "do alto". Como Senhor da História e da existência. Nenhum homem poderia ter essa percepção. Ninguém mais. Apenas Ele. Somente Ele, pois só Ele possui a semente da divindade.       

Em segundo plano, a frase é uma pura expressão do amor divino. Um amor sem igual. Sem paralelos. Sem limites. Um amor muito superior ao moribundo amor humano. Só quem ama com um amor extraordinário conseguiria proferir aquela frase. Mesmo em meio a tantos e terríveis sofrimentos. Em meio a tantas feridas e dores atrozes, o amor divino conseguiu se manter em equilíbrio. Sem agressões. Contido. No seu canto. Aguardando apenas a oportunidade para dizer "Eu continuo te amando". 

Em terceiro plano, a frase é um convite a todos nós. Um convite para também tentarmos enxergar além da pura e limitada percepção humana quando nos comunicamos com nosso próximo. Assim como Cristo no calvário, não raras vezes recebemos bofetadas, cusparadas, agressões gratuitas e grosseiras que tentam, de alguma maneira, nos ridicularizar ou machucar. Como humanos que somos, é difícil aceitarmos passivamente estes gestos. A lógica humana aponta para o revide. Para o "contra-ataque". "Bateu-Levou" é a expressão viva que teima em fazer parte de nosso cardápio de respostas às agressões. 

Justamente nesse momento somos convidados a sermos "outro Cristo". A enxergarmos muito além do que vemos, sentimos e percebemos. De deixarmos nossa natureza humana para trás e sermos mais "divinos". Somos convidados a sondarmos o coração de nosso agressor como Cristo o fez diante daquela multidão no calvário. Talvez este coração esteja enfermo. Talvez esteja mesmo precisando de ajuda. Agonizando até. Um revide poderá significar o fim. Talvez o tiro de misericórdia. No fundo este coração poderá estar no limite. No limite do sofrimento. No limite da dor. No limite da impaciência. No limite da falta de amor. 

De que lado ficaríamos??? Já parou para pensar sobre isso??? 

Do lado de Cristo ou do lado de seu agressor??? O comodismo, o conforto e a lógica humanos nos recomendaria a última opção. Porém, o Homem-Deus certamente aguardaria ansiosamente para que você proferisse a seguinte frase: "Pai, perdoa-lhe, pois não sabe o que faz". 


Prof. Alipio Reis Firmo Filho     

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

FATOS CONTÁBEIS: IDENTIFICAÇÃO A PARTIR DOS LANÇAMENTOS

 Muita gente que começa a estudar Contabilidade tem dificuldade em identificar as 03 (três) espécies de  Fatos Contábeis: permutativos, modificativos e mistos. Eu questiono: é possível identificar esses fatos a partir dos lançamentos contábeis? Sim. 

Fato permutativo: os registros contábeis dos fatos permutativos apresentam a seguinte configuração:

Conta Debitada: Conta Patrimonial

Conta Creditada: Conta Patrimonial

Ex: pagamento de fornecedores no valor de $ 1.000 por meio de conta bancária na data do vencimento da dívida. O registro contábil dessa operação é:

Conta Debitada: Fornecedores

Conta Creditada: Bancos c/ Movimento....... 1.000

Observe que as contas patrimoniais ocupam OS DOIS LADOS DO LANÇAMENTO (DEVEDOR E CREDOR). Não há contas de resultado. 

Fato modificativo: os registros contábeis dos fatos modificativos (aumentativos ou diminutivos)  podem assumir dois formatos. O primeiro deles é o seguinte (fato modificativo diminutivo):

Conta Debitada: Conta de Resultado

Conta Creditada: Conta Patrimonial

Ex: pagamento de despesas com assistência técnica no valor de $ 2.000 à vista em dinheiro. O registro contábil dessa operação é:

Conta Debitada: Despesa com Assistência Técnica

Conta Creditada: Caixa e Equivalentes de Caixa....... 2.000 

Observe que a conta de resultado ocupa o lado DEVEDOR do lançamento. Nesse caso, trata-se de um fato modificativo DIMINUTIVO.

Veja essa outra configuração: 

Conta Debitada: Conta Patrimonial

Conta Creditada: Conta de Resultado

Observe que a conta de resultado passa a ocupar o lado CREDOR do lançamento. Nesse caso, trata-se de um fato modificativo AUMENTATIVO.

Ex: venda de mercadorias à vista no valor de $ 5.000 à vista em dinheiro. O valor foi depositado em conta bancária. O registro contábil dessa operação é:

Conta Debitada: Bancos c/ Movimento

Conta Creditada: Venda de Mercadorias....... 5.000 

Observe que a conta de resultado ocupa o lado CREDOR do lançamento. Nesse caso, trata-se de um fato modificativo AUMENTATIVO.

Por outro lado, caos a operação contabilizada corresponder a um Fato Misto, o lançamento apresentará a seguinte configuração:

Conta Debitada 1: Conta de Resultado

Conta Debitada 2: Conta Patrimonial

Conta Creditada: Conta Patrimonial

Perceba que há 2 contas debitadas sendo que uma delas é uma conta de resultado. A outra é uma conta patrimonial. O lado dos débitos é ocupado, ao mesmo tempo, por ambas (conta de resultado/conta patrimonial). Esse detalhe configura um fato misto. Nesse caso, um FATO MISTO DIMINUTIVO, uma vez que a conta debitada ocupa o lado devedor do lançamento. 

Ex: recebimento de uma duplicata a receber antes da data de vencimento no valor de $ 1.500 com 10% de desconto. O valor foi depositado em conta corrente:

Conta Debitada 1: Descontos Concedidos...... 150

Conta Debitada 2: Bancos c/ Movimento.........1.350

Conta Creditada: Venda de Mercadorias....... 1.500

Note que a empresa recebeu MENOS do que ela tinha direito.

Por fim, existem ainda as operações que retratam Fatos Mistos Aumentativos. Nesse caso, a configuração do lançamento é o seguinte:

Conta Debitada: Conta Patrimonial

Conta Creditada 1: Conta Patrimonial

Conta Creditada 2: Conta de Resultado

Nessa configuração é o lado credor do lançamento que é ocupado ao mesmo tempo por uma conta patrimonial e uma conta de resultado caracterizando um fato misto aumentativo. 

Ex: recebimento de uma duplicata a receber após a data de vencimento no valor de $ 2.000 com cobrança de juros de 10%. O valor foi recebido em dinheiro:

Conta Debitada: Caixa e Equivalentes de Caixa...... 2.200

Conta Creditada 1: Duplicatas a Receber.........2.000

Conta Creditada 2: Juros Ativos........................ 200

Nesse caso a empresa recebeu MAIS do que tinha direito. A parcela adicional é representada pelos juros. 

Em síntese:

- Fatos Permutativos:

Conta Debitada: Conta Patrimonial

Conta Creditada: Conta Patrimonial

- Fatos Diminutivos:

Conta Debitada: Conta de Resultado

Conta Creditada: Conta Patrimonial

- Fatos Aumentativos:

Conta Debitada: Conta Patrimonial

Conta Creditada: Conta de Resultado

- Fatos Mistos Diminutivos:

Conta Debitada 1: Conta de Resultado

Conta Debitada 2: Conta Patrimonial

Conta Creditada: Conta Patrimonial

- Fatos Mistos Aumentativos: 

Conta Debitada: Conta Patrimonial

Conta Creditada 1: Conta Patrimonial

Conta Creditada 2: Conta de Resultado


Prof. Alipio Reis Firmo Filho



 


 

 





domingo, 28 de agosto de 2022

OS DESAFIOS SÃO O QUE REALMENTE NOS TRANSFORMAM

Você já parou para pensar no poder dos desafios na vida das pessoas? Não? Então preste atenção nos seguintes exemplos.

- O corredor que se desafia a correr uma maratona tem que mudar sua vida. Treina, treina, treina incessantemente. Rever seus horários, sua agenda, sua alimentação. Consulta alguém especializado para dirigi-lo e orientá-lo sobre a melhor estratégia para alcançar seu intento. Enfim, TRANSFORMA sua vida. Tudo em prol de um DESAFIO. 

- Alguém que se desafia a melhorar a alimentação também está na mesma situação. Talvez a mudança em seus hábitos alimentares decorra de seus índices de glicemia (açúcar no sangue) ou de colesterol que estão acima dos níveis permitidos. Seu desafio será realizar tarefas que nunca antes talvez havia realizado: fazer exercícios físicos, combinar melhor os alimentos, evitar o stress etc. Não importa. Quando ela se propõe a alcançar tais objetivos ELA SE TRANSFORMA. 

- Um indivíduo que sonha em passar num concurso público para, finalmente, ter sua vida profissional encaminhada e gozar de uma boa remuneração também se desafia, da mesma forma que o corredor e aquela pessoa que precisar mudar seus hábitos alimentares. Ele se propõe uma meta: terá que ler muito, fazer muitos exercícios, elaborar um calendário de estudos, renunciar a algumas horas de lazer dedicadas a amigos e familiares e assim por diante. Sua vida SERÁ TRANSFORMADA. Tudo por causa de um DESAFIO. 

Esses três cenários ilustram bem o que um desafio pode fazer na vida de uma pessoal. Ele a transforma, muitas vezes sem que ela se dê conta disso. Quando percebe, já é OUTRA PESSOA. Muito diferente da anterior. É como se ela saísse de uma casca e viesse para fora. Para o mundo exterior. Para um mundo que ela jamais conhecia.  Uma verdadeira METAMORFOSE. 

Nas três situações apontadas o indivíduo SERÁ MELHOR. SERÁ TRANSFORMADO por um desafio. O desafio estará na base das transformações!!

E aqui reside precisamente a grande diferença entre muitas pessoas de sucesso e as demais. As primeiras toparam um desafio. As últimas simplesmente preferiram permanecer como estavam. No seu comodismo. No seu quadrado. 

Lembro aqui de uma entrevista com o Zico há muitos anos atrás. 

Todos sabem que o Zico ficou conhecido pelas cobranças de falta perfeitas. Talvez o maior cobrador de faltas da História do Futebol Brasileiro. 

Na oportunidade, o repórter perguntou: como você consegue bater faltas tão bem? Ele respondeu: após os treinos eu sempre ficava mais um pouco para treinar cobranças de falta. Eu colocava uma camisa na parte superior da trave e tentava alcançá-la com um chute. Fiz tantas vezes isso que acabei marcando vários gols em cobranças de falta. 

Deu pra perceber? O Zico SE DESAFIOU  a cobrar faltas com perfeição. Ao se desafiar ELE SE TRANSFORMOU num dos melhores cobradores de faltas do mundo!!! 

Tai um exemplo excepcional do poder do desafio em nossas vidas!!

Agora, é bem verdade que alguns desafios não devem ser realizados de uma hora para a outra. Dependendo do tipo de desafio, será preciso avaliar  a presença de alguns requisitos essenciais. É o caso de um corredor que nunca correu 42 Km e deseja fazê-lo. Ele terá que preparar seu corpo para isso. Com muito treino, sim, mas, principalmente, com cuidado e respeito aos próprios limites. 

Outros desafios, contudo, podem ser realizados imediatamente, sem rodeios. É o caso de alguém que pretende mudar a alimentação. Poderá começar a comer mais frutas e legumes, p. exemplo, e evitar frituras e alimentos industrializados. Sem rodeios. Sua mudança imediata de atitude, isto é, sua TRANSFORMAÇÃO produzirá resultados mais rapidamente. Tanto mais rápido ela começar, mais rápido também virão os resultados. 

Por outro lado, aquelas pessoas que não se propõe a um desafio, que preferem continuar na sua mesmice, no seu quadrado, no seu mundo são muito parecidas com navios desgovernados que, em meio a uma tempestade, são batidos de um lado para outro pelas ondas. Não tem vontade própria. São governadas por qualquer coisa, menos por sua própria vontade. "Deixa a vida me levar" é o seu lema.

E você? Qual seu desafio? Você já se desafiou alguma vez? 

Desafie-se!! 

Lembre-se: OS DESAFIOS TÊM O PODER DE TRANSFORMÁ-LO(A)!!


Prof. Alipio Reis Firmo Filho

 

domingo, 7 de agosto de 2022

A MENTIRA

Até que ponto a mentira é boa? Até que ponto ela pode realmente nos ajudar, resolvendo nossos problemas? Até que ponto ela nos tira de apuros, de situações embaraçosas, constrangedoras, delicadas? Até que ponto a mentira é nossa amiga?

O apóstolo Paulo Já nos advertia sobre ela: "Cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade a seu próximo" (Efésios 4:25). 

Em Levítico, no Antigo Testamento, está dito: "Não furtareis, nem mentireis, nem usareis da falsidade para com seu irmão" (Levítico 19,11). 

Em Provérbios 6: 16-19:  Deus mostra seis coisas que ele odeia e uma que abomina: “olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos”.

As passagens nos comunicam como o Criador vê a mentira. Só por aí já se vê que a mentira não é coisa boa. Deus ABOMINA A MENTIRA!! 

A mentira foi a raiz do pecado original. Lá no começo dos tempos. Contemplemos a História da Humanidade desde então e vemos tantos sofrimentos.  

Mas...Por que é proibido mentir? Por que devemos falar a verdade? Para alguns, pequenas mentiras não trazem problemas e podem fazer parte normalmente do nosso dia-a-dia e de nossa rotina.

Não é bem por aí. 

A mentira é como um remédio que, num primeiro momento, nos cura, mas GERA DEPENDÊNCIA. Ou seja, sem percebermos, a mentira começará a fazer parte de nossa vida DESDE A PRIMEIRA VEZ QUE MENTIMOS. Ela é também como uma droga que, no início, nos oferece uma sensação de liberdade e paz, mas que, aos poucos, destruirá a nós mesmos.   

Mentimos uma vez, mentimos uma segunda vez, mentimos pela terceira vez e assim por diante. Sem que percebamos, passamos a ser ESCRAVOS da mentira. Recorremos a ela todas as vezes que precisamos. Ela sempre estará ali, aguardando por nós para solucionar nossos problemas imediatos...

Porém, os problemas não acabam. Na verdade ELES SE MULTIPLICAM

Como assim?

Reflita sobre isso: a própria mentira MENTE PARA NÓS. Ela nos promete algo, mas nos entrega outra coisa. Resolve nosso problema no presente, MAS CRIA INÚMEROS OUTROS NO FUTURO. Presente de grego.

As sementes plantadas pela mentira irão germinar, crescer e se desenvolver, sem que você perceba, prolongando-se no tempo. É como uma bomba de efeitos retardados. Uma verdadeira armadilha!!

Como assim?  

Você já ouviu dizer que "mentira tem perna curta"? O que essa expressão significa? É que por ela permanecer para sempre, lá na frente, no futuro, o que você escondeu virá à tona. A consequência? São inúmeras!!!

- Você PERDERÁ UM GRANDE AMIGO(A);

-  Você deixará de ser admirado(a) e respeito(a) por alguém que você ama;

- Você semeará brigas, discussões e desentendimentos;

- Você colaborará para DETURPAREM a imagem de pessoas amadas e DESABONAREM SUA CONDUTA. E o que é pior: TUDO ISSO ACONTECERÁ COM QUEM TE ESTENDEU A MÃO NO PASSADO. ALGUÉM QUE TE AJUDOU. QUE TE TIROU DE UMA SITUAÇÃO EMBARAÇOSA. ALGUÉM QUE TALVEZ TENHA ATÉ  AJUDADO VOCÊ A SOLUCIONAR UM GRANDE PROBLEMA EM SUA VIDA. PROBLEMA ESSE QUE ATÉ  VOCÊ O CONSIDERAVA IMPOSSÍVEL DE RESOLVER. Quanto contrasenso!!!

- Pessoas que você gosta se afastarão de você ROMPENDO RELACIONAMENTOS, às vezes, antigos e duradouros (na família, na vida sentimental, entre amigos, no trabalho, enfim, no grupo que você faz parte), muitas vezes sem dizer uma só palavra a você. No silêncio. Sem dar nenhuma explicação. Você acabará NÃO ENTENDENDO NADA. "O que eu fiz?" (olhe para o passado e veja onde está a raiz do problema. Quem plantou a semente). 

Lembre-se: A MENTIRA TEM CONSEQUÊNCIAS ETERNAS E PERMANENTES). 

 Esses são apenas alguns dos problemas deixados pela mentira. O maior de todos eles, porém, acontecerá DENTRO DE VOCÊ. Do seu coração. Na sua intimidade. Na sua mente. No seu sentimento. Aí os estragos serão MUITO MAIORES. Virá o arrependimento. O sentimento de culpa. A autocrítica E UMA VONTADE INFINITA DE VOLTAR NO TEMPO E DESFAZER O QUE FOI FEITO. Muitas vezes, porém, JÁ SERÁ TARDE DEMAIS

Lembre-se: A MENTIRA TEM CONSEQUÊNCIAS ETERNAS E PERMANENTES.

Por isso Cristo nos adverte: "O Diabo é mentiroso e PAI DA MENTIRA" (João 8:44).    

A mentira tem 2 dimensões: a material e a espiritual. A dimensão material percebemos por meio dos sentidos. No entanto, é na dimensão espiritual que as coisas se consolidam. É lá onde é dado O NÓ. É lá que o pacto é feito. É lá que você, sem perceber, fez o convite PARA O INIMIGO ENTRAR NA SUA CASA. Deu CARTA BRANCA A ELE. Por isso, você experimenta tantos sofrimentos no futuro. Por isso, parece que nada dá certo na sua vida. É problemas e mais problemas. Um atrás do outro. É como se viessem por encomenda.

Por tudo isso, se eu tenho um conselho para te oferecer eu diria: NUNCA MINTA. Não dê asas às mentiras. Por mais pequenas que elas sejam. FALE SEMPRE A VERDADE, mesmo que isso te custe algo. A verdade TE LIBERTA. A mentira, ao contrário, TE APRISIONA. NÃO FAÇA PACTO COM O INIMIGO. NÃO FAÇA PACTO COM O Pai da Mentira.  

Lembre-se: A MENTIRA TEM CONSEQUÊNCIAS ETERNAS E PERMANENTES.

Prof. Alipio Reis Firmo Filho

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

SOBRE FESTAS E EVENTOS POPULARES PATROCINADOS PELAS PREFEITURAS

 

De quando em vez a mídia divulga  ações judiciais determinando a suspensão de festas e eventos populares patrocinados pelas prefeituras municipais. Os argumentos para a concessão das liminares fundamentam-se quase sempre nos reduzidos recursos municipais, aliado ao baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano); fatores esses que são agravados, segundo os decisórios, pelas elevadas somas cobradas pelos artistas convidados, muitos deles oscilando na faixa de 700 mil, 800 mil ou 1 milhão de reais.

Evidentemente que as decisões judiciais são carregadas de razoabilidade. De fato, ante ao cenário paupérrimo experimentado por muitos municípios, que tiveram seus cenários agravados pela pandemia, não é razoável aplicar recursos públicos em determinados contextos. Os novos tempos exigem prudência e zelo.

No entanto, entendo que alguns aspectos merecem ser considerados em tais situações.

Como operador do Direito sempre procuro me inspirar no art. 5º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro (Lei n. 4657/1942). Para mim, um dos mais sábios e salutares dispositivos do ordenamento jurídico pátrio. Segundo o referido dispositivo “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.   Se convenientemente observado, ele tem a virtude de conectar as decisões judiciais aos mais profundos anseios da sociedade.  Se todo o poder emana do povo, para o povo e pelo povo; bem que a prestação jurisdicional também poderia se pautar também por essa regra desde que, evidentemente, presentes os indicativos para tal.

Faço essa preliminar para ressaltar a importância de as decisões judiciais serem mais de ordem finalística do que propriamente literal, nos casos em que o processo impregna-se de forte vínculo social. Números e letras, às vezes, são impotentes para explicitar realidades latentes. Elas acabam passando ao largo da caneta.

Nessa linha de entendimento todos nós sabemos que por trás dos eventos populares há geração de emprego e renda, ainda que por um curto período. A economia local é movimentada significativamente.  Em muitos contextos os munícipes os aguardam ansiosamente, pois as festividades representam sua única oportunidade de colocar mais comida na mesa e pagar suas contas.  O dinheiro ganho durante os eventos talvez não represente muito em termos monetários, mas para muitos deles é como se acertassem na loteria. O parco dinheirinho sempre será muito bem-vindo para essas famílias.

Em outras palavras, o valor dos gastos despendidos pelos cofres públicos não deve ser o único parâmetro para referendar ou não a realização das festividades municipais.  Há que se adotar um ponto de vista mais amplo, que transcenda o Direito e alcance as raízes sociais. Lembre-se: números e letras são frios, tal é sua desconexão com a realidade em muitos contextos.

Outro ponto que merece ser considerado advém das condições de realização de cada evento. Cada um deles tem suas próprias particularidades, muitas delas capazes de mudar a trajetória das decisões judiciais. Para tanto, permitam-me compartilhar um caso concreto que enfrentei enquanto Relator das contas de uma determinada localidade municipal de nosso Estado.

Na oportunidade, por meio de uma Representação pugnava-se pela suspensão de um evento festivo patrocinado por uma prefeitura.  O valor envolvido era substancial: R$ 750 mil reais. Ao iniciar os procedimentos de praxe, solicitei que o prefeito me encaminhasse a lei orçamentária de seu município juntamente com informações referentes à forma de pagamento das despesas. Ele esteve pessoalmente em meu Gabinete.

De posse da LOA  municipal, soube que havia uma fatia de recursos orçamentários destinados à realização de festas e eventos para aquele ano no valor de R$ 300 mil reais. Questionei, então o gestor sobre como que ele pagaria as despesas ao que ele me respondeu que R$ 150 mil adviriam da referida dotação orçamentária e o restante (R$ 600 mil) seria patrocinado por um banco. Além disso, informou-me o gestor municipal que a prefeitura havia licenciado 120 quiosques para seus munícipes, a fim de que eles tivessem a oportunidade de ganhar um dinheirinho nos dias de realização do evento. Não bastasse isso todas as embarcações que faziam parada no município estavam com sua lotação máxima também vendida. Pronto. Aí estavam os números que eu precisava.

Disse-me o prefeito que, diante de todo esse contexto, a suspensão do evento seria desastrosa para a municipalidade, pois os prejuízos seriam incontáveis.

Decidi manter a realização do evento e não suspendê-lo.

Esse é apenas um exemplo de quanto um evento municipal – principalmente em pequenas localidades – está conectado com seu tecido social. Entre todos os entes federativos, o município é aquele que está mais próximo das pessoas. É o que está mais presente na vida de seus moradoras. Por isso deve ser tratado sempre como um prolongamento da vida em sociedade.

Por fim, a experiência por mim referida, também me fez refletir sobre a importância de respeitarmos a autonomia municipal.

Naquela oportunidade, a fatia destinada à realização das festividades expressava claramente o desejo do legislativo municipal. Nas circunstâncias datas, impedir que a municipalidade promovesse o que já estava autorizado em sua lei orçamentária significaria se imiscuir em assuntos internos, reservados e protegidos pela Carga Magna.

Em síntese: cada evento deve ser analisado individualmente, pois cada um tem suas próprias particularidades. Além disso, na minha opinião sempre a decisão judicial deverá consultar os fins sociais e o bem comum. São ótimos conselheiros!!

Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

 

Alipio Reis Firmo Filho

Conselheiro Substituto – TCE/AM

 

quinta-feira, 16 de junho de 2022

UM BRINDE À ÉTICA!!

 (*) Texto publicado na Coluna Gestão (do autor) no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com)


A Filosofia reserva um de seus compartimentos para se dedicar ao estudo da Ética. Esta, por sua vez, debruça-se sobre o comportamento humano adjetivado por elementos como bom/mau, justo/injusto, probo/improbo etc.

O que interessa à Ética é caracterizar condutas humanas aceitáveis incentivando os membros de um grupo social a praticá-las ante aos benefícios advindos. A expectativa da Ética é produzir indivíduos socialmente saudáveis, capazes de respeitar o outro por meio da observação de limites. Saber diferenciar o que é seu e o que é do outro é a regra básica da Ética.  

Nos dias atuais, entretanto, a Ética tem sido motivo de chacota. Não raras vezes, a referência à conduta ética é associada a zombarias, risos e deboches.  Por isso mesmo, existem indivíduos que tem forte receio em abordar o tema, justamente pela forma (negativa) de como será visto pelos que estão ao seu redor.

Por outro lado, paradoxalmente ao que aqui foi dito, as normas éticas têm comparecido nos discursos. Discursos acadêmicos, discursos judiciais, discursos políticos e na boca de muitas autoridades.

Fazendo um paralelo entre tais discursos e a conduta desses mesmos oradores verificamos grandes discrepâncias. Na maior parte deles a Ética comparece apenas como simples figura de retórica. Restringe-se ao plano das ideias. É invocada somente nas entrelinhas. Não alcança o mundo real. O dia-a-dia do cidadão. Suas rotinas e escolhas. Os discursos parecem estéreis. Não produzem frutos. Enfim, não há comunicabilidade alguma com a prática.

Mas em que consiste exatamente a conduta ética? O que é ser ético?

O filósofo alemão Leibniz (1646-1716) considera que o direito e as leis decorrem de três preceitos morais básicos:   não prejudicar ninguém; atribuir a cada um o que lhe é devido; viver honestamente.

Outros indivíduos têm seus próprios conceitos de ética. Para uns, significa cumprir com suas próprias obrigações. Para outros é sinônimo de respeito a regras.

Conforme se vê, o conceito de conduta ética parece abrigar, algumas vezes, conteúdos subjetivos, ou seja, cada indivíduo tem seu próprio conceito. Outras vezes, porém, a definição da conduta ética é muito vaga e ampla, a exemplo de “viver honestamente”.

Sem entrar no mérito de todas essas considerações, ao longo de minha caminhada, aprendi a me orientar por uma regra muito simples que, a meu ver, é capaz de distinguir condutas éticas/não éticas.

Para mim, ser ético é fazer o que é correto MESMO QUE NINGUÉM ESTEJA TE OBSERVANDO.

Em outras palavras: a Ética não precisa de público para se manifestar. Ela não depende de holofotes. Manifesta-se no segredo. É no segredo que ela brilha com mais intensidade. Qualquer conduta que se desgarre dessa condição só aparentemente será uma conduta ética. Na prática, será tão-somente um arremedo da conduta verdadeiramente ética. Não mais que isso.

No mundo atual, tornou-se conveniente mostrar-se ético diante de pessoas e instituições. Repetidas vezes, discursos inflamados reforçam essa conclusão. Fora das lentes fotográficas e dos microfones a verdadeira personalidade se manifesta: descumprimento consciente de normas e obrigações.

A verdadeira ética reside no interior de cada pessoa. É ela que move a conduta pessoal. Não precisa de normas, leis e regulamentos para se manifestar exteriormente. Ela brota de dentro para fora. Por isso é tão genuína. Por isso se manifesta em qualquer ocasião. Por isso não depende do mundo exterior.

A verdadeira conduta ética se manifesta no segredo. No oculto. No silêncio. Na solidão. Quando você desfruta apenas de sua própria companhia. 

Para refletir.

 

Alipio Reis Firmo Filho

Conselheiro Substituto – TCE/AM e Doutorando em Gestão