O
governo Biden finalizou no mês passado seu quarto ano de mandato. Passou o “bastão” para o novo presidente, Donald Trump
após sofrer uma derrota memorável nas eleições presidenciais americanas para
Trump. A vitória de Trump foi
avassaladora. Obteve a maioria das cadeiras no Senado, na Câmara dos
Representantes e ainda saiu vitorioso
nas urnas americanas, onde obteve também a maior parte dos votos.
Trump
também contará com o apoio da Suprema Corte americana. Seis dos nove
integrantes são conservadores. Ao que tudo indica, o novo presidente poderá governar o País sem muitos ruídos da
oposição.
Economicamente
falando, a administração Biden teve muitos sobressaltos. Talvez o maior deles esteja
relacionado à inflação, principalmente pós pandemia. O certo é que já há algum
tempo a economia americana não tem obtido o costumeiro desempenho, embora
continue sendo considerada a economia mais forte do mundo.
Alguns
dos indicadores econômicos revelam o governo Biden sob uma outra ótica, mais
objetiva e sem as paixões político-partidárias. Por isso os números da economia
de um país são tão importantes, pois são capazes de traduzir de forma mais fiel,
realista e objetiva a capacidade de administração de seus governantes.
Em
termos de crescimento econômico a economia americana deu um “salto” logo no
primeiro ano do governo Biden. Seu PIB passou de 21,32 trilhões de dólares
registrados no ano anterior para 23,59 trilhões. Um crescimento da ordem de
5,8%. Nos anos que se seguiram evoluiu para 25,74 trilhões (2022), 27,36
trilhões (2023) e uma projeção de crescimento para 2024 de 29,16 trilhões. De se ressaltar que Biden não experimentou os
amargos sabores do ano pandêmico (2020), muito embora tenha sofrido seus
reflexos, aliás, como todos os países do mundo.
A
taxa de desemprego do governo Biden foi ligeiramente inferior à do governo
Trump nos anos de 2022 (3,6% contra 3,8% de Trump em 2018) e 2023 (3,6% contra
3,7% de Trump em 2019). No entanto, no seu primeiro ano de mandato foi superior
a de Trump. Biden registro 5,4% de taxa de desemprego enquanto Trump alcançou
4,4%. No último ano de seu mandato – 2024 – a taxa de desemprego registrada no
governo Biden foi metade da registrada no último ano do governo Trump,
respectivamente, de 4,1% e 8,1%. Ressalte-se, contudo, que o último ano de
Trump correspondeu ao início da pandemia, representando a desaceleração brusca
da economia em todo o mundo. Nos EUA não foi diferente.
No
entanto, a inflação e a taxa de juros no governo Biden foram significativamente
superiores aos do governo Trump. Aqui, talvez, resida a maior diferença entre
os dois mandatários.
A
inflação anual acumulada no governo Trump foi de 2,1% (2017); 2,4% (2018);
1,8% (2019) e 1,2% (2020). Lembrando que o ano de 2020 foi o pico da
pandemia no mundo. Biden, ao contrário, experimentou amargos índices
inflacionários principalmente nos anos de 2021 (7%) e 2022
(8%). Em 2023 foi de 4,1% e 2024 de 2,9%.
Ressalte-se que a inflação de 2021 foi a maior desde 1982 que, todavia, foi superada
no ano seguinte pelo próprio governo Biden. Muito provavelmente este tenha sido
um dos motivos para sua expressiva derrota em 2024. Também no último ano de
mandato do governo Biden houve trajetória de crescimento da inflação americana.
Trump terá de adotar medidas de contensão do índice inflacionário para evitar
os sobressaltos experimentados no governo de seu antecessor.
Tendo
em vista a disparada da inflação no último quadriênio americano, as taxas de
juros adotaram a mesma trajetória. Para combater as taxas inflacionárias o
Governo Biden teve que adotar taxas de juros elevadas o que encareceu o custo
de vida dos americanos: 2021 (0,08%); 2022 (4,4%); 2023 (5,33%) - foi a taxa de
juros mais alta desde a crise financeira de 2007 e 2008; e 2024 (2,9%).
Historicamente
falando, o povo americano não está acostumado a conviver com preços elevados. Muito
provavelmente, esse foi um dos principais fatores que concorreram para os
desejos de mudança sinalizados nas últimas eleições americanas. Com efeito, a
eleição de Donald Trump representa, economicamente falando, um desejo de
retorno à era de ouro vivida pelos americanos, sabidamente traduzida por uma
economia realmente forte e não sujeita aos solavancos de administrações sem
compromisso com a riqueza e estabilidade socioeconômica.
Até
aqui, os discursos de Trump têm ido nessa direção.
Alipio
Reis Firmo Filho
Conselheiro
Substituto – TCE/AM
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