(*) Artigo publicado na Coluna Gestão do Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com)
Há muito meu sentimento
de brasilidade me abandonou. Já não nos falamos há algum tempo. Foram tantas as punhaladas que não resisti.
São tantos os escândalos e tamanhas as traições que decidi permanecer só,
fechado no meu pequeno mundo.
Volta e meia me vem à lembrança
os sofrimentos passados. Com ele, o sentimento de abandono. Talvez nunca em
minha vida eu tenha me sentido tão só. A solidão dói, como uma faca que perfura
a alma. O que me reservará o futuro? O que de pior está por vir?
Até vejo algumas
centelhas de justiça aqui e ali. Mas são apenas centelhas. Meu desejo é que
elas se espalhassem e se transformassem num grande incêndio, capazes de debelar
a certeza de impunidade de muitos.
Como um náufrago, olho ao
meu redor e não vejo a margem. Quão imenso é esse oceano!! Como é difícil lutar
contra a correnteza!! Quem poderia me defender nem sempre empunha a bandeira da
justiça. Com quem poderei contar?
Por vezes, é difícil distinguir
o bandido do aliado. Parece que têm a mesma cara, o mesmo semblante, a mesma
fisionomia, as mesmas digitais. A mão que afaga é a mesma que fere. Fico confuso,
perdido, sem rumo. Como lutar se não sei quem são meus algozes?
A cada dia uma nova notícia.
A TV, o rádio, a rede social testemunham a prisão de mais um opressor. Os
aliados se inflamam. Os contrários aplaudem. Procura-se daqui. Investiga-se de
acolá. Ao final, nem alegrias, nem
tristezas. É melhor não agredir. É preferível não gesticular. Todos estão
entrelaçados. Fazem parte da mesma família. Da mesma rede de influência. Da
mesma facção criminosa.
Então me diga? Há
sentimento que resista?
Alipio
Reis Firmo Filho
Conselheiro
Substituto – TCE/AM
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