(*) Artigo publicado no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com.br)
Há uma dúvida
que é recorrente entre as pessoas e vem circulando nas redes sociais: se a
Cloroquina tem se mostrado eficiente em alguns casos, por que então os médicos
não a administram aos pacientes muito antes que eles apresentem o agravamento
de seu quadro clínico?
Embora eu
não seja infectologista ou profissional da medicina, tenho lido muito sobre a
Covid-19. Nessa caminhada literária, já vi vários depoimentos de médicos e
infectologistas sobre a Cloroquina ou Hidroxicloroquina. De tudo o que tenho
lido e ouvido, dá para fazer algumas considerações a respeito.
Cada
medicamento tem suas próprias particularidades, pois sua composição é feita sob
medida, isto é, para atender a uma patologia específica. Quando os órgãos de
vigilância e saúde liberam um medicamento para uso é porque tais medicamentos
já possuem um protocolo fechado, construído ao longo de um extenso período de
pesquisa. O que os médicos chamam de protocolo nesses casos? Simples: idade do
paciente, suas condições orgânicas, horários para ingestão da medicação, quantidade
de doses, efeitos colaterais catalogados (leves, moderados e graves), dentre
outros. Muitas pesquisas duram um longo espaço de tempo (5 anos, 10 anos, 20
anos, 30 anos ou mais). Tal protocolo, no entanto, SERVE APENAS PARA A
PATOLOGIA QUE MOTIVOU A PESQUISA, NÃO PARA OUTRAS PATOLOGIAS, AINDA QUE
SEMELHANTES.
Cada
protocolo é como se fosse uma roupa feita sob medida para uma pessoa (para uma
doença ou patologia). Nesse sentido, se usarmos a roupa confeccionada para
um indivíduo em outra pessoa, é possível
que suas medidas caibam exatamente no corpo do novo indivíduo. Mas é possível
também que a vestimenta fique folgada, apertada, muito longa ou curta demais;
enfim, pode ser que a indumentária não sirva para a nova pessoa. Em medicina
isso se chama EFEITOS COLATERAIS.
No caso da
Covid-19, pelo vírus apresentar semelhanças com outros vírus que já possuem
protocolos fechados, isto é, protocolos prontos; os pesquisados estão tentando
aplicar esse protocolo (formulado inicialmente para a malária) para combater o
vírus. Lembremos, entretanto, que o protocolo está sendo usado
ALTERNATIVAMENTE, mas ainda não é um protocolo fechado, até porque ele foi
construído para um tipo específico de anomalia (MALÁRIA) e não para a Covid-19.
Uma das preocupações dos médicos é com os efeitos colaterais da Cloroquina. Uma
delas é a arritmia cardíaca que, num paciente com malária, pode seguir
protocolos seguros, mas em pacientes da Covid-19 pode ser perigoso e mesmo LETAL.
Por isso é que os médicos só usam a droga em último caso, quando o paciente já
não mais responde às medidas tomadas para salvar-lhe a vida. Em alguns casos,
há pacientes que responderam positivamente, isto é, eles se recuperaram ou
tiveram os sintomas da doença reduzidos. Em outros, contudo, infelizmente os
pacientes foram a óbito, talvez, decorrente do próprio uso do medicamento, dada
suas frágeis condições clínicas.
É por isso
que a recomendação médica é no sentido de que todos evitem o uso da droga por
conta própria. É preferível e seguro deixarmos para os médicos decidirem quando
aplicá-la. Evitemos a automedicação, pois isso poderá representar perigo para a
própria saúde.
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