quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

POR QUE A APLICAÇÃO DA VACINA CONTRA A COVID-19 ESTÁ DEMORANDO TANTO NO BRASIL?

Enquanto Chile, Argentina e México já estão vacinando suas populações o Brasil ainda caminha a passos de tartaruga nesse processo. A dúvida: por que estamos demorando tanto a vacinar?


Arrisco alguns palpites:

1 - DEMORA NA APROVAÇÃO DOS PROTOCOLOS CLÍNICOS PELO ÓRGÃO REGULADOR (Anvisa). Segundo a prestigiada Revista The Economist, a União Europeia também esbarrou nesse quesito. No entanto, DE LONGE a situação por lá é bem mais favorável que a daqui. Embora com relativo atraso, a vacinação já começou enquanto que aqui sequer iniciou.

Em 22 de dezembro a União Europeia aprovou o uso da vacina Pfizer/BioNtech, isto é, 03 semanas após a Grã-Bretanha e 10 dias após os EUA.

Lembrando que as pesquisas das vacinas começaram após o início da pandemia (março). Ao longo dos testes foram projetados calendários de conclusão dos testes. EUA, Grã-Bretanha e União Europeia se orientaram por eles, mobilizando seus órgãos reguladores para, assim que fossem concluídas as pesquisas, a aprovação fosse realizada.

No Brasil isso não ocorreu. Aguardamos a conclusão dos testes sem nos prepararmos para estudá-los tão logo fossem finalizados.
Ou seja, AO INVÉS DE ESPERAR QUE OS RESULTADOS DOS TESTES CHEGASSEM ATÉ O ÓRGÃO REGULADOR (Anvisa) ERA PARA ESTA IR ATÉ ELES, SOLICITANDO-OS dos órgãos de pesquisa. "Se Maomé não vai à montanha, a montanha iria até Maomé" (simples assim).

Outra estratégia que poderia ser adotada seria ESTABELECER RELAÇÕES COM OS ÓRGÃOS REGULADORES dos EUA, Grã-Bretanha e União Europeia para, se fosse o caso, ACOMPANHAR E APROVAR CONJUNTAMENTE OS PROTOCOLOS DAS VACINAS.

Todos estamos no mesmo barco, passando pela mesma tempestade e precisando nos ajudar. NADA DE EGOÍSMOS. NADA DE TRABALHAR CADA UM NO SEU QUADRADO. Deveríamos deixar isso para os IGNORANTES.

Com isso, ganharíamos tempo e aceleraríamos a vacinação da população brasileira.

Outra solução seria a instalação de uma comissão da Anvisa DENTRO DOS LABORATÓRIOS DE PESQUISA PARA, DE IMEDIATO, COLHER OS RESULTADOS E APROVAR OS PROTOCOLOS. A própria Anvisa autorizou experimentos de larga escala no Brasil das vacinas desenvolvidas pelos laboratórios AstraZeneca/Oxford, Sinovac, Janssen e Pfizer/Biontech/Fosun Pharma. Ela sabia, portanto, quais laboratórios estavam estudando as vacinas no País. A estratégia seria ACOMPANHAR A EVOLUÇÃO DAS PESQUISAS DESDE O SEU COMEÇO. FINALIZADA A FASE DE TESTES A APROVAÇÃO VIRIA EM SEGUIDA. QUASE QUE SIMULTANEAMENTE.


2 - FALTA DE PLANEJAMENTO PARA A COMPRA DOS INSUMOS NECESSÁRIOS À APLICAÇÃO DAS VACINAS: na União Europeia, o bloco de países se uniu para a compra de seringas e agulhas - dentre outros insumos - o que REDUZIU O CUSTO PARA TODOS. Para tanto, houve uma AÇÃO COORDENADA por lá.

No Brasil, isso não existe. NÃO HÁ DIÁLOGO. NÃO HÁ AÇÃO COJUNTA E MUITO MENOS PLANEJAMENTO.

O Governo Federal poderia liderar esse diálogo. Fazer o papel da Comissão da União Europeia que colocou todos os países numa mesa redonda e fixou as diretrizes.

Por aqui o governo central prefere ficar trocando farpas com alguns estados. De fato. Somos um País de maricas. A começar pelo governo federal que temos.

Uma ação conjunta entre todos os entes subnacionais (governos federal, estaduais e municipais) poderia derrubar o preço dos insumos. A compra seria única e em bloco. Uma compra gigantesca que teria o poder de colocar os custos para baixo. Com isso, teríamos à disposição da população brasileira TODOS OS INSUMOS NECESSÁRIOS PARA A APLICAÇÃO DAS VACINAS.

Toda essa mobilização poderia ter sido costurada entre agosto e outubro do ano passado. Ganharíamos tempo e, principalmente, SALVARÍAMOS VIDAS.

3 - FALTA DE PLANEJAMENTO PARA A LOGÍSTICA DE TRANSPORTE DAS VACINAS: a mesma ação conjunta referida no tópico anterior poderia mobilizar os entes federativos para saber:

A - Quantas pessoas seriam vacinadas no país?

B - Onde estão essas pessoas?

Isso evitaria a compra de vacinas EM EXCESSO OU A FALTA DELAS.

Como a vacina não será obrigatória no País, seria preciso que soubéssemos o número de pessoas a serem vacinadas e onde elas moram. A partir de então, toda a logística de transporte poderia ser montada, orientada por esses dois parâmetros.

O Brasil, todos sabem, é um país continental. SEM DIÁLOGO E SEM PLANEJAMENTO NA LOGÍSTICA DE TRANPORTES FICARÁ MUITO DIFÍCIL PARA NÓS EVOLUÍRMOS NA VACINAÇÃO DE 213 MILHÕES DE PESSOAS.

4 - FALTA DE PLANEJAMENTO PARA O NÚMERO DE PROFISSIONAIS QUE PARTICIPARÃO DA VACINAÇÃO: é outro grande gargalo nosso. Até agora, não temos nenhuma informação nesse sentido. Não sabemos: quantos profissionais serão mobilizados; que habilidades esses profissionais deverão possuir quanto ao manuseio das vacinas; que regiões do países exigirão mais (ou menos) profissionais. Enfim, A COISA ESTÁ PIOR DO QUE A CASA DA MÃE JOANA. NINGUÉM AINDA DEFINIU NADA QUANTO A ISSO. VIVEMOS NUM GRANDE VÁCUO.

Enfim, já deu para perceber que o grande problema deste país continua sendo o mesmo: A FALTA DE PLANEJAMENTO. Mas para haver planejamento, é preciso existir COMPROMISSO DOS NOSSOS GOVERNANTES. Coisa raríssima por esta banda.

NÃO HÁ LIDERANÇA. NINGUÉM CHAMA A RESPONSABILIDADE PARA SI. NINGUÉM APONTA NENHUM RUMO.

Enquanto o circo pega fogo, um presidente prefere tirar férias e banhar-se com seus apoiadores/admiradores.

QUE O CRIADOR TENHA MISERICÓRDIA DE NÓS.

Alipio Reis Firmo Filho

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