domingo, 24 de maio de 2020

ISOLAMENTO SOCIAL COM FRONTEIRAS ABERTAS

(*) Texto publicado na minha Coluna Gestão, no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com)


Muitos profissionais da saúde espalhados pelo Brasil estão enxugando gelo. Longe de fazer uma crítica ao maravilhoso trabalho prestado por eles a todas as famílias brasileiras, a afirmação tem endereço certo. Não se dirige aos hospitais ou às unidades de saúde, mas àqueles que tem por responsabilidade gerir a saúde pública no País.

Infelizmente, passados mais de 60 dias desde quando as taxas de contágio da Covid-19 começaram a acelerar no Território nacional, as portas de infecção continuam abertas. Pasmem!!

Vamos aos fatos.

Uma amiga minha deixou Portugal no dia 07 de maio corrente (quinta-feira) pela manhã, juntamente com outros 300 brasileiros. Ela veio pelo vôo da TAP, companhia aérea portuguesa. Só vieram brasileiros nesse vôo.

Próximo da meia noite de quinta-feira mesmo, aterrissou no aeroporto de Guarulhos  em São Paulo.

Após descer do avião, ela se dirigiu ao saguão do aeroporto para pegar suas malas. Depois foi à alfândega apresentar o passaporte para as revistas de praxe.

Ao ser liberada, pegou um táxi e foi para um hotel, pois seu vôo para Manaus seria na noite do dia seguinte, dia 08 de maio (sexta-feira).

Ou seja, desde quando pisou em solo brasileiro, ela não recebeu nenhuma abordagem das autoridades médicas brasileiras. Ninguém questionou nada sobre seu estado de saúde ou, ao menos, mediu sua temperatura. Absolutamente nada.

Pior: isso aconteceu com todos os 300 passageiros que chegaram juntamente com ela de Lisboa.

Na sexta-feira à noite apenas, pouco antes de embarcar para Manaus, é que um filho de Deus mediu sua temperatura, mas ficou nisso. Nada mais.

Ao chegar em Manaus, na madrugada do dia 09 de maio (sábado) a mesma coisa aconteceu. Nenhuma abordagem, nenhuma exigência, nenhum registro. Tudo como dantes no quartel de abrantes.

Novamente, após pegar suas malas, tomou um taxi e foi para sua casa. Tranquilamente.

Imaginemos se ela estivesse contaminada. Entre a descida do avião em Guarulhos e a chegada a sua casa, em Manaus, teria contaminado “meio mundo”. O pessoal da alfândega, os taxistas, o pessoal do hotel e tantas outras pessoas mais. Segundo os protocolos médicos, uma pessoa contaminada pode contaminar até 7 pessoas.

E se também os outros 300 passageiros estivessem contaminados? Seriam mais 2.100 pessoas engrossando as taxas de contágio! E quanto aos passageiros vindos de outras partes do mundo nos outros vôos?

Moral da história: não há controle de absolutamente nada neste País! Nesse time, não há zaga. O goleiro, isto é, os profissionais de saúde, que se virem sozinhos!

E queremos que as taxas de contágio e de mortalidade baixem como num passe de mágica!

Como???

Sem compromisso? Sem esforço? Sem responsabilidade?

Estamos entregues à própria sorte. Não há gestão. Não há planejamento. Não existem estratégias de trabalho. Inexistem coordenações de ações.

Conquanto o País seja de dimensões continentais as poucas iniciativas que existem são realizadas isoladamente e de maneira pontual, tomadas por um ou outro governante.

O caso que acabei de relatar ilustra muito bem o problema. Há muitas janelas de infecção que já deveriam estar fechadas há muito tempo, mas que permanecem escancaradas.  É como se alguém tivesse uma ferida no corpo e continuasse a viver normalmente, sem se preocupar com possíveis focos de infecção. Algo inadmissível em governos que realmente se preocupam com sua população.

Na verdade, a preocupação é outra. Tem gente mais preocupada em proteger a própria família e alguns correligionários políticos do que qualquer outra coisa. Não. Não somos prioridade. Representamos apenas um número eleitoral, que comparece de quatro em quatro anos às urnas para apertar alguns botões e, em seguida, deixar Zona com um comprovante de votação nas mãos.   

Isto é Brasil.

 

Alipio Reis Firmo Filho

Conselheiro Substituto – TCE/AM e Doutorando em Gestão

 


NOSSO VÍRUS DE CADA DIA

(*) Texto publicado na minha Coluna Gestão, no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com)

De repente, o uso das máscaras tem se tornado uma "febre" em todo o Brasil. Em algumas cidades brasileiras, como Fortaleza e Belém, foi adotado o lockdown. Uma medida extrema que torna mais limitada a circulação das pessoas.

Tudo isso é muito bom e importante. Todas essas medidas são muito bem-vindas. Não restam dúvidas que as medidas são acertadas. O problema é que elas, além de tantas outras, deveriam ter sido adotadas há mais tempo. Eu diria, há muito mais tempo. 

Minha crítica é que as medidas deveriam ter sido parte de nosso cardápio com a necessária antecedência, isto é, muito antes do início da proliferação do vírus. Eu arriscaria a dizer que, no mínimo, há, pelo menos, 60 dias atrás. Exagero? Nenhum.

Antecipação + medidas profiláticas. Eis a equação da vida em tempos de pandemia.

Demoramos muito! Aliás, continuamos demorando.

Negligenciamos muito! Aliás, continuamos negligenciando.

Aguardamos passivamente o vírus se encorpar. Ficamos na retranca. Acanhados. Lá atrás. Preferimos contar estrelas.

Enquanto isso, o vírus ganhava vigor. Nutria-se. Energizava-se. Avolumava-se. Crescia e se proliferava. Ganhava massa muscular. Tornou-se forte o suficiente para ameaçar nossa própria existência. No momento oportuno ele deu o bote. Como uma cobra.

Tudo porque não fizemos o dever de casa.

Sentiu-se à vontade. Desceu do avião. Pegou suas bagagens. Circulou livremente em nossos aeroportos. Passou por nossas alfândegas sem ao menos ser questionado. Tomou um táxi. Hospedou-se em hotéis. Circulou pelas cidades, bares e casas noturnas.

Descobriu restaurantes. Visitou padarias e botequins. Passou por nossas praças e avenidas. Conheceu pontos turísticos. Foi ao cinema e ao teatro. Compartilhou conosco a mesma condução. O mesmo ônibus. O mesmo metrô. Esteve em nossos parques e academias.

Começou a fazer parte de nosso quotidiano.

Até chegar em nosso lar...

Entrou pela porta da frente. Sentou-se confortavelmente no sofá da sala. Assistiu televisão conosco. Silenciosamente. Sem desconfiarmos de nada.

Depois foi à cozinha. Comeu em nossa própria mesa. Abriu a geladeira e pegou um copo com água.

Ao fim de tudo, despediu-se; deixando atrás de si um rastro de saudade, dor e sofrimento que só alguns dias depois iria se manifestar.   

De fato. Poucos foram os lugares do mundo em que o novo coronavírus tivesse sido  recepcionado tão calorosamente.

O resultado? Não preciso nem comentar. Todos nós temos a resposta.

  

Alipio Reis Firmo Filho

 Conselheiro Substituto – TCE/AM e Doutorando em Gestão.

 


sábado, 18 de abril de 2020

O GRAU DE LETALIDADE DO NOVO CORONAVÍRUS


1 – O NOVO CORONAVÍRUS NÃO PODE SER COLOCADO NA MESMA BALANÇA, ISTO É, NO MESMO NÍVEL QUE OUTROS AGENTES PATOGÊNICOS CAUSADORES DE DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS COMO TUBERCULOSE, MALÁRIA, SARAMPO, HIV E OUTRAS.

2 – PRIMEIRO, PORQUE, AO CONTRÁRIO DA TUBERCULOSE, DA MALÁRIA, DO SARAMPO, DO HIV E DE OUTRAS DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS,  NÃO EXISTE NENHUM MEDICAMENTO OU VACINA CAPAZ DE COMBATER O NOVO CORONAVÍRUS.

3 – SEGUNDO, PORQUE O NOVO CORONAVÍRUS, TAMBÉM AO CONTRÁRIO DOS DEMAIS AGENTES PATOGÊNICOS, POSSUI DOIS COMPONENTES ALTAMENTE LETAIS: É ALTAMENTE CONTAGIOSO E PRECISA DE MUITO POUCO TEMPO PARA FAZER ESTRAGOS NOS PULMÕES COM RAMIFICAÇÕES PARA OUTROS ÓRGÃOS VITAIS DO ORGANISMO HUMANO, COMO O CORAÇÃO E OS RINS.

4 – DEPOIS DE INSTALADO NO ORGANISMO, ELE PRECISA DE APENAS 14 DIAS PARA COMPROMETER OS PULMÕES E MAIS 7 DIAS PARA LEVAR O PACIENTE À MORTE, CASO NÃO EXISTAM RESPIRADORES PARA SOCORRER O SISTEMA PULMONAR DOS INFECTADOS. OU SEJA, EM MÉDIA, TRÊS SEMANAS SERÃO SUFICIENTES PARA LEVAR OS PACIENTES A ÓBITO.

5 – ESSA RAPIDEZ NÃO ACONTECE NAS DEMAIS DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS. EM OUTRAS PALAVRAS, UM INFECTADO COM A BACTÉRIA DA TUBERCULOSE OU O VÍRUS DO HIV DEMANDARÁ TEMPO RAZOÁVEL PARA SOFRER OS SINTOMAS DA DOENÇA. HÁ PORTADORES DE HIV QUE MANIFESTARAM OS SINTOMAS 6 MESES DEPOIS DE INFECTADOS. O TEMPO, PORTANTO, É UM GRANDE ALIADO DA MEDICINA NO TRATAMENTO DESSAS DOENÇAS, POIS OFERECE TEMPO PARA QUE OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ATUEM.

6 -   NÃO HÁ ISSO COM O NOVO CORONAVÍRUS. O VÍRUS AGE MUITÍSSIMO RÁPIDO NO ORGANISMO. A REALIDADE É MUITO DIFERENTE.

7 – POR ISSO, REDOBRE OS CUIDADOS!!! PROTEJA-SE!! PROTEJA SUA FAMÍLIA!!

sexta-feira, 17 de abril de 2020

LUIZ HENRIQUE MANDETTA


(*) Texto publicado na Coluna Gestão, do autor no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com.br)

Não pensei que decorridos três meses da memorável final do mundial de clubes entre o meu  Flamengo e o Liverpool, eu viria a experimentar novamente o mesmo sentimento  que tive quando Jorge Jesus – até então irrepreensível como técnico – resolveu sacar do jogo dois importantes jogadores (Arrascaeta e Everton Ribeiro), faltando apenas quinze minutos para o final do segundo tempo. O placar permanecia empatado e o Flamengo, no exato momento das substituições, dominava a partida. Tecnicamente falando, as substituições foram um desastre, pois resultou na clara perda de poder ofensivo do time dando oportunidade para o adversário se refazer em campo. O resultado nem preciso comentar. Melhor deixar pra lá.

Evidentemente que, assim como um técnico de futebol, também os mandatários governamentais gozam da prerrogativa de trocar essa ou aquela peça de seu secretariado, quando assim entenderem necessário. Mas, convenhamos. Há trocas e trocas. Há mexidas e mexidas.

Em certas ocasiões, conquanto possíveis, nem sempre é oportuno fazê-las. Algo pode sair errado e comprometer todo um planejamento. Possibilidade não pode ser confundida com oportunidade. São duas realidades completamente distintas. O bom estrategista sabe conjuga-las perfeitamente, a fim de potencializar ao máximo as possibilidades de sucesso.

O problema não envolve tanto as mudanças em si, mas o instante em que as trocas são operadas. É necessário, portanto, que o governante calibre sua decisão, a fim de reduzir as chances de perder a partida. Em diferentes momentos da História da humanidade, renomados estadistas têm nos ensinado que repetidas vezes é mais inteligente mostrar estratégia que propriamente força na resolução de problemas.  

Desde quando levantou a bandeira do isolamento vertical – segundo o qual só deveriam ficar isolados o grupo de risco, isto é, as pessoas idosas e portadoras de comorbidades – o presidente Bolsonaro estabeleceu uma equação difícil de fechar. Difícil porque a solução colide frontalmente com a própria Ciência. Muito embora não haja unanimidade na adoção do isolamento total (isolamento horizontal) – aliás, nem mesmo Jesus Cristo obteve unanimidade em seus discursos – a maioria esmagadora da comunidade científica internacional, além dos próprios governantes, são uníssonos em recomendá-la em tempos  de pandemia. Não há o que discutir.

Desde que assumiu o Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta foi nessa direção. E não podia ser diferente. Não bastasse sua formação médica, a ampla experiência internacional  corroborava e aconselhava a medida. Na ausência de drogas e vacinas é o único meio de frear a proliferação em massa do vírus. Não existe outra solução.

Mas o presidente preferiu transformar um problema de saúde pública em cabo de guerra político. Em outras palavras, ele politizou o vírus.

E o fez justamente porque todos aqueles que faziam oposição ao seu governo começaram, um a um,  a proclamar a necessidade de adoção do isolamento. A leitura foi a seguinte: eu não posso concordar com a oposição, ainda que traços de lucidez e civilidade estejam presentes no seu discurso.

Uma leitura infeliz, diga-se de passagem. Semelhante às opiniões regadas a paixões futebolísticas nos estádios em que se ignora a genialidade de uma jogada só porque ela foi protagonizada pelo time adversário.    

A tese do isolamento não foi criada pela oposição brasileira. Muito menos por ideologias político-partidárias de outros países. Trata-se de medida ligada à saúde pública, como meio profilático para conter surtos epidêmicos de altíssima gravidade e contágio, que ainda não contam com drogas e vacinas capazes de combatê-los. É o caso da Covid-19.    

Além desse fato, acredito que a exoneração do Ministro Mandetta também tenha decorrido de uma “ciumeira” do presidente e de alguns de seus assessores mais próximos.

Ao que tudo indica, as coletivas do Ministro e de sua equipe começaram a causar  desconfortos no Planalto. A postura, a fala, a maneira didática e fácil de se comunicar com a imprensa e com o grande público foram certamente o combustível de sua fritura.

A cada coletiva, Mandetta ganhava a simpatia e o respeito de todos, inclusive de muitos correligionários políticos do próprio presidente. O tom da voz, o carisma, os gestos, as expressões faciais e o estupendo domínio sobre o enfrentamento da Covid-19 acabaram por alimentar a antipatia e a repugnância de muitos que dão a vida por uma centelha de holofote. Pior: a própria oposição começou a lhe render elogios, assim como a comunidade internacional.

Mandetta começou a ganhar projeção nacional e internacional o que fez com que o Planalto torcesse o nariz a cada manifestação sua. Com efeito, era preciso consolidar um discurso que de alguma forma  fizesse oposição ao próprio Ministro e, ao mesmo tempo, atendesse aos reclamos pró abertura da economia de pessoas influentes mais próximas ao presidente.

Uma vez mais reforço a ideia de que a exoneração de Henrique Mandetta foi infeliz e pouco inteligente (isso para recorrer a expressões eufemísticas).

O presidente não soube jogar com as cartas sobre a mesa. Não demonstrou habilidade ao mexer as pedras do tabuleiro. Enxergou o problema mais   como ameaça e menos como oportunidade. Perdeu a chance de alavancar preciosos dividendos políticos, que poderiam lhe render, inclusive, valiosos pontos nas eleições de 2022.  Tinha tudo para calar a boca de seus opositores, além de afinar seu discurso com a comunidade internacional. No entanto, fez tudo o que não era aconselhável fazer. Colocou a carroça na frente dos bois.    

Poderia ter colado em Mandetta. Afinal, foi Bolsonaro quem o escolheu para a pasta. Se a tripulação brilha, o comandante vai junto.

A cada coletiva, a cada reunião, lá estaria o presidente. Presente. Abrindo os trabalhos. Em contato direto com a imprensa e apoiando o Ministro da Saúde. Seu principal jogador em campo.  O que dizer de um presidente assim? De um mandatário cuja boca proclamasse a necessidade de salvar vidas? Que ressaltasse a necessidade de as ideologias político-partidárias permanecerem em segundo plano em tempos de pandemia! Que estendesse a mão ao invés de criticar! Que pedisse ajuda e colaboração de todos os brasileiros para termos o mínimo de mortes possíveis!

Assisti muitas corridas de Ayrton Senna pela Fórmula 1. Uma das temporadas mais memoráveis foi quando ele, mesmo conduzindo um carro com rendimento abaixo dos demais, conseguia se manter na liderança. Ayrton fazia verdadeiros milagres no asfalto. Tirava leite de pedra. Chegava na frente. Sempre liderava.
T
odos sabem das condições precárias do Sistema de Saúde Público Brasileiro. Algo caótico. Cheio de remendos. Dificílimo de administrar. Um amontoado de problemas. Informações desencontradas por toda parte. Problemas e mais problemas. Uma verdadeira torre de babel.  Para a maioria, uma imensa ameaça. Para poucos, uma tremenda janela de oportunidades.  

Eis o desafio. Um grande desafio, aliás.

Como equipará-lo aos melhores sistemas de saúde do mundo, apesar de suas grandes limitações? Como azeitá-lo diante de tantos entraves? Como fazê-lo alçar grandes voos  em meio a destroços? Como obter resultados promissores contando apenas com  paupérrimos recursos?
B
olsonaro deixou passar uma excelente oportunidade de mostrar liderança. Liderança em sua própria equipe de Governo. Liderança diante de toda a classe política e empresarial nacional. Liderança frente aos grandes estadistas e chefes de governo do mundo.  

Ao final, arregimentou contra si uma equação macabra. Por um lado, subtraiu e dividiu aliados. De outro, adicionou e multiplicou opositores.   

Como brasileiro, tomara que não tenha que provar novamente do gosto amargo da fatídica derrota no mundial de clubes.  

Que Deus nos proteja!!!

segunda-feira, 13 de abril de 2020

POR QUE O NOVO CORONAVÍRUS É DIFERENTE DOS DEMAIS AGENTES TRANSMISSORES DAS DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS?


(*) Artigo publicado também no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com.br)

Diariamente, o corpo humano se expõe a um número grande de doenças classificadas como “infectocontagiosas”. São assim conhecidas porque possuem alto grau de contágio e proliferação. A característica comum desse grupo de doenças é que todas elas são causadas por quatro tipos de micro-organismos: vírus, bactérias, protozoários e fungos.
Para proteger o corpo humano contra elas, há dois tipos de barreiras: a natural, representada pelo sistema imunológico humano; e as artificiais, representadas pelas drogas e vacinas. Na verdade, as drogas e vacinas ajudam o sistema imunológico a lutarem contra as doenças infectocontagiosas. As vacinas aumentam a capacidade de o sistema de matar o agente transmissor. As drogas, por sua vez, atuam sobre o próprio agente transmissor, impedindo-o de danificar as estruturas internas do corpo. São duas frentes de combate. Em outras palavras: enquanto as vacinas impedem que você fique doente; as drogas, embora não tenham essa capacidade, ajudam o doente a se recuperar mais rapidamente, alcançando a cura.
Há um grupo de doenças infectocontagiosas que já possuem vacinas. Sarampo, febre amarela e tuberculose estão entre elas. Se, contudo, alguém vir a ser infectado por alguma delas, existe uma segunda barreira protetora: as drogas para o tratamento dos infectados. Além disso, o próprio sistema imunológico humano ajuda no combate aos vírus, bactérias, fungos e protozoários.
Portanto, contra esse grupo de doenças o organismo humano possui TRIPLA PROTEÇÃO: as vacinas, as drogas e o sistema imunológico.
Há, contudo, outro grupo de doenças infectocontagiosas que não possui ainda vacina para impedir que o organismo adoeça. Aids, Hanseníase, Hepatite C, Malária e Sífilis ocupam esse grupo. No entanto, a boa notícia é que existem drogas para combatê-las. A cloroquina, por exemplo, é a droga indicada no tratamento da malária. Contra a Aids existem 22 tipos de drogas, dentre as quais Abacavir (ABC), Didanosina (ddI), Lamivudina (3TC), Tenofovir (TDF) e Zidovudina (AZT). No tratamento da Hepatite C é usado o sofosbuvir, com bons resultados. Para os indivíduos acometidos de sífiles a penicilina benzatina é recomendada no tratamento. Também aqui o sistema imunológico atua como uma segunda e importante barreira natural.
Com efeito, o organismo humano possui DUPLA PROTEÇÃO contra esse grupo de doenças: as drogas e o sistema imunológico.
Por fim, existe ainda uma terceira família de doenças infectocontagiosas que não contam com nenhuma droga e/ou vacina para proteger o organismo humano contra os agentes patológicos. É o caso típico da Covid-19. Em relação a ela NÃO HÁ DROGA E NEM VACINA. O sistema imunológico humano tem que se virar sozinho. Ele  É A ÚNICA CAPA PROTETORA do organismo humano.
Por isso o ISOLAMENTO SOCIAL É MUITO IMPORTANE. A medida atua como uma  PROTEÇÃO ADICIONAL para o organismo, reduzindo as possibilidades de contágio.
Ora, pessoas com sistemas imunológicos deficientes ou vulneráveis tornam-se, portanto, mais frágeis que as demais. AQUI NASCE O GRUPO DE RISCO. Os idosos, em primeiro lugar; juntamente com portadores de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, indivíduos submetidos a tratamentos contra o câncer, dentre outros.

Evidentemente que as pessoas que não fazem parte desse grupo também só dispõe de seus sistemas imunológicos para lutarem contra o vírus. Acontece que por serem indivíduos mais jovens ou mais saudáveis, suas defesas naturais – representadas aqui pelos leucócitos – têm mais vigor para combater o vírus sozinhas, ante à ausência de drogas ou vacinas  para auxiliá-las. No entanto, um sistema imunológico robusto não é garantia de sucesso. É por isso que muitos indivíduos desse grupo têm vindo a óbito. Nessa roleta russa, É IMPOSSÍVEL GARANTIR QUE AS DEFESAS NATURAIS DESSES INDIVÍDUOS SAIAM VITORIOSAS.
Por último, há, ainda, um argumento que muitas pessoas recorrem para sustentar um possível exagero na preocupação com a Covid-19.
Alguns dizem: “Mas a Tuberculose ou a Hepatice-C matam muito mais do que o novo coronavírus e ninguém nunca falou nada!”.
Afirmações dessa natureza têm que ser tomadas com reservas.
Como disse, contra o novo Coronarírus o organismo humano só pode contar com apenas uma camada protetora (o sistema imunológico), diferentemente das demais doenças infectocontagiosas que contam, algumas delas, com uma tripla camada; e outras, com duplas camadas protetoras. Aí já reside um grande diferencial.
Não bastasse isso, há mais dois outros componentes altamente letais reunidos no novo Coronavírus: o elevadíssimo grau de contágio e a rápido lesão causada por ele nos pulmões. Em outras palavras: enquanto o vírus da tuberculose demora a agir dentro do organismo, isto é, demora a produzir lesões o que, aliás, é um ótimo aliado no tratamento do paciente já haverá tempo para as autoridades médicas agirem; o novo Coronavírus age muito rápido. Basta alguns dias para ele produzir estragos profundos no sistema pulmonar humano, com ramificações para outros órgãos importantes como o coração e os rins.
Quanto às altas taxas de mortalidades das demais patologias infectocontagiosas, a explicação é relativamente simples.
Nenhuma droga garante que 100% dos pacientes tratados irão ser curados. O que há é uma PROBABILIDADE MAIOR DE SUCESSO NO TRATAMENTO. Mas certeza não há. Não há porque a cura também passa pelas condições clínicas de cada paciente. Alguns indivíduos podem apresentar doenças paralelas que reduzem a eficácia do tratamento. As condições clínicas, portanto, de cada indivíduo é que farão a diferença nos tratamentos. E mesmo indivíduos que aparentemente não apresentem patologias paralelas podem não responder às drogas vindo a óbito. Isso acontece porque o organismo humano é extremamente complexo. Sua estrutura, funcionamento e condições gerais variam de pessoa para pessoa.
Por outro lado, muitas pessoas não colaboram com o tratamento. Alguns o abandonam ou não tomam a medicação como prescrito pelo médico ou, ainda, até tomam, mas esquecem de tomar algumas vezes.
Todos esses fatores em conjunto explicam a taxa de mortalidade de muitas patologias, apesar de contarem com drogas potentes na recuperação do paciente.
Ademais, os números são gerados naturalmente pela lei da probabilidade.

Como disse, não há como assegurar que todos os tratamentos por drogas será 100% eficaz. Assim como não há como garantir que um paciente submetido a uma simples cirurgia de vesícula não venha a óbito durante a intervenção cirúrgica; muito embora apresentasse excelentes condições clínicas.
Grosso modo, isso equivale às perdas nos processos produtivos das indústrias.
Um alfaiate, ao fabricar uma camisa ou um termo, não aplicará 100% dos tecidos comprados para sua fabricação. Uma parte do tecido se perderá, naturalmente. Ela é inerente ao processo produtivo. Guardadas as devidas proporções, o mesmo acontece no tratamento de um paciente. Não há como garantir que 100% deles alcançarão a cura por meio das drogas disponíveis. Nesse caso, infelizmente os óbitos poderão decorrer da própria trajetória do tratamento.
Outro fator importante é o tempo de convívio da humanidade com cada agente patológico.
O bacilo da tuberculose, por exemplo, foi descoberto em 1882. Lá se vão cento e poucos anos. O convívio com o novo Coronavírus é muito recente. Tem pouco mais de 3 meses. Mas com apenas três meses já mostrou a força de seu veneno.
O que quero dizer é que, quanto mais tempo de contato tiverem novos humanos com um vírus, tanto mais a probabilidade de indivíduos morrerem em decorrência dele. Isso dependerá, contudo, da descoberta de drogas e vacinas eficazes, além, é claro, da pronta disponibilidade dessas vacinas e drogas às populações.

ALIPIO REIS FIRMO FILHO
Conselheiro Substituto – TCE/AM  e Doutorando em Gestão

domingo, 12 de abril de 2020

CORONAVÍRUS E OUTRAS DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS

1 - Diariamente, o corpo humano se expõe a um número grande de doenças classificadas como “infectocontagiosas”, causadas por vírus, bactérias, protozoários e fungos.
2 - Para proteger o corpo humano contra elas há dois tipos de barreiras: a natural, representada pelo sistema imunológico humano; e as artificiais, representadas pelas drogas (remédios) e vacinas.
3 - As vacinas impedem que você fique doente; as drogas (remédios) ajudam o doente a se recuperar, alcançando a cura.
4 - Há um grupo de doenças infectocontagiosas que já possuem vacinas, tais como sarampo, febre amarela e tuberculose. Se, ainda assim, alguém adoecer recorre-se aos remédios para o tratamento dos infectados. Além disso, o próprio sistema imunológico humano luta contra os vírus, bactérias, fungos e protozoários.
5 - Portanto, contra o referido grupo de doenças há uma TRIPLA PROTEÇÃO para o organismo humano: as vacinas, as drogas (medicamentos) e o sistema imunológico.
6 - Há um outro grupo de doenças infectocontagiosas que não possui ainda vacina para impedir que o organismo adoeça, tais como aids, hanseníase, hepatite C, malária e sífilis. Há, contudo, drogas (medicamentos) que ajudam o infectado a se recuperar. Para o tratamento dos aidéticos há 22 tipos de medicamentos.
7 - Contra esse grupo de doenças o organismo humano conta com uma DUPLA PROTEÇÃO: as drogas e o sistema imunológico.
8 - Por fim, há um terceiro grupo de doenças infectocontagiosas QUE NÃO CONTAM COM NENHUMA VACINA E/OU DROGA PARA PROTEGER O ORGANISMO. A Covid-19 é uma delas. Em relação a esse grupo NÃO HÁ DROGA E NEM VACINA. O sistema imunológico humano tem que se virar sozinho. Ele É A ÚNICA CAPA PROTETORA do organismo humano.
Por isso o ISOLAMENTO SOCIAL É MUITO IMPORTANTE. A medica atua como uma CAPA PROTETORA ADICIONAL para o organismo, reduzindo as possibilidades de contágio.

terça-feira, 7 de abril de 2020

A CLOROQUINA E A COVID-19


(*) Artigo publicado no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com.br)

Há uma dúvida que é recorrente entre as pessoas e vem circulando nas redes sociais: se a Cloroquina tem se mostrado eficiente em alguns casos, por que então os médicos não a administram aos pacientes muito antes que eles apresentem o agravamento de seu quadro clínico?
Embora eu não seja infectologista ou profissional da medicina, tenho lido muito sobre a Covid-19. Nessa caminhada literária, já vi vários depoimentos de médicos e infectologistas sobre a Cloroquina ou Hidroxicloroquina. De tudo o que tenho lido e ouvido, dá para fazer algumas considerações a respeito.
Cada medicamento tem suas próprias particularidades, pois sua composição é feita sob medida, isto é, para atender a uma patologia específica. Quando os órgãos de vigilância e saúde liberam um medicamento para uso é porque tais medicamentos já possuem um protocolo fechado, construído ao longo de um extenso período de pesquisa. O que os médicos chamam de protocolo nesses casos? Simples: idade do paciente, suas condições orgânicas, horários para ingestão da medicação, quantidade de doses, efeitos colaterais catalogados (leves, moderados e graves), dentre outros. Muitas pesquisas duram um longo espaço de tempo (5 anos, 10 anos, 20 anos, 30 anos ou mais). Tal protocolo, no entanto, SERVE APENAS PARA A PATOLOGIA QUE MOTIVOU A PESQUISA, NÃO PARA OUTRAS PATOLOGIAS, AINDA QUE SEMELHANTES.
Cada protocolo é como se fosse uma roupa feita sob medida para uma pessoa (para uma doença ou patologia). Nesse sentido, se usarmos a roupa confeccionada para um  indivíduo em outra pessoa, é possível que suas medidas caibam exatamente no corpo do novo indivíduo. Mas é possível também que a vestimenta fique folgada, apertada, muito longa ou curta demais; enfim, pode ser que a indumentária não sirva para a nova pessoa. Em medicina isso se chama EFEITOS COLATERAIS.
No caso da Covid-19, pelo vírus apresentar semelhanças com outros vírus que já possuem protocolos fechados, isto é, protocolos prontos; os pesquisados estão tentando aplicar esse protocolo (formulado inicialmente para a malária) para combater o vírus. Lembremos, entretanto, que o protocolo está sendo usado ALTERNATIVAMENTE, mas ainda não é um protocolo fechado, até porque ele foi construído para um tipo específico de anomalia (MALÁRIA) e não para a Covid-19. Uma das preocupações dos médicos é com os efeitos colaterais da Cloroquina. Uma delas é a arritmia cardíaca que, num paciente com malária, pode seguir protocolos seguros, mas em pacientes da Covid-19 pode ser perigoso e mesmo LETAL. Por isso é que os médicos só usam a droga em último caso, quando o paciente já não mais responde às medidas tomadas para salvar-lhe a vida. Em alguns casos, há pacientes que responderam positivamente, isto é, eles se recuperaram ou tiveram os sintomas da doença reduzidos. Em outros, contudo, infelizmente os pacientes foram a óbito, talvez, decorrente do próprio uso do medicamento, dada suas frágeis condições clínicas.
É por isso que a recomendação médica é no sentido de que todos evitem o uso da droga por conta própria. É preferível e seguro deixarmos para os médicos decidirem quando aplicá-la. Evitemos a automedicação, pois isso poderá representar perigo para a própria saúde.