No dia 06 de janeiro a Igreja Católica celebra o dia de Reis. Segundo a tradição cristã, foi nesse dia que Cristo, recém-nascido, recebera a visita dos Reis Magos. Fala-se em três reis, mas, ao certo, não sabemos. Poderiam ser 4 ou 5 (ou mais, ou apenas dois). Provavelmente nunca saberemos. A ideia de que foram apenas três os reis magos decorreu do relato evangélico segundo o qual os reis retiraram de seus tesouros "ouro, incenso e mirra" (Mt 2:11). Portanto, cada rei ofertara um presente. Seriam, então, três reis magos. Segundo a teologia católica, cada presente deixou transparecer três dimensões de Cristo.
O ouro significa que Cristo é REI. Conquanto a figura do menino pobre, que nasce numa manjedoura, numa família sem quase nenhum recurso, afronte - visto pelos olhos humanos - essa Sua dimensão, Cristo é verdadeiramente Rei porque tudo foi feito por meio dele e que, sem ele, nada do que existe, teria ganhado vida (Jo 1:3). Nove meses antes, o anjo Gabriel já proclamava essa verdade para sua Mãe: "e reinará eternamente na Casa de Jacó, e o seu reino não terá fim"(Lc 1:33). 33 anos mais tarde, diante de Pilatos, Cristo afirmará categoricamente: "O meu reino não é deste mundo" (Jo 18:36). Ou seja, Cristo é verdadeiramente Rei. Isso é proclamado pelo céu (anjo Gabriel), pela humanidade (reis magos) e pelo próprio Cristo (diante de Pilatos).
O incenso proclama a DIVINDADE de Cristo. Nós, católicos, acreditamos que Cristo possui uma dupla natureza: a humana e a DIVINA. Esse o significado do incenso ofertado pelos reis magos a Cristo. Tal significado é profundo, pois ele revela a função sacerdotal. No contexto religioso, o incenso funciona como meio de manifestação do mortal em relação ao imortal, do que é finito para aquele que guarda a eternidade. Portanto, o gesto dos reis magos, ao presentearem Cristo com o incenso, significa, antes de mais nada, uma atitude de reverência, de pleno respeito, à Sua natureza divina. Há inúmeras passagens do Evangelho que equiparam Cristo a Deus. Vejamos três dessas passagens.
Em Mc 2: 5-7: "E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados. E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: Por que diz este assim blasfêmeas? Quem pode perdoar pecados, senão Deus". Nesse episódio, Cristo revela-se Deus. Aliás, essa conclusão decorre da própria manifestação dos presentes.
Quem não lembra das palavras proferidas por Tomé após contemplar Cristo face a face, depois de sua Ressurreição: "Meu Senhor e meu Deus" (Jo 20: 24 -29). A manifestação de Tomé é uma das mais contundentes afirmações bíblicas da Divindade de Cristo.
Outra passagem marcante consta em Mt 28:20: "Eis que estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos". Aqui, reside e perenidade de Cristo, que atravessa o tempo, sem limites, sem barreiras, para estar junto com sua Igreja, para sempre. Só Deus é eterno. Logo...
A mirra aponta para os sofrimentos futuros do Salvador, de tudo o que Ele iria enfrentar, sofrer e sentir. Isso tudo para significar que Cristo é HUMANO, igual a cada um de nós, pois somente a natureza humana está sujeita a tais intempéries.
Não nos esqueçamos também da atitude dos reis magos que, ao contemplarem o menino-Deus, "prostraram-se e o adoraram" (Mt 2:11). Um gesto profundo e rico de significados.
Que possamos também reconhecer o Cristo assim como os reis magos. Que as aparências do frágil, do pobre e do rejeitado não nos retire essa sensibilidade.
Alipio Filho
Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
Marcos 2:6,7
Marcos 2:6,7
E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo:
Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
Marcos 2:5-7
Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
Marcos 2:5-7