Desde quando Donald Trump anunciou o tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros que ingressassem nos EUA a partir de 1º de agosto próximo, o relógio do tempo corre contra a economia brasileira. Se o governo brasileiro não dialogar com o presidente americano, a situação vai azedar para o empresariado brasileiro e, por extensão, para todos nós que aqui vivemos.
De
fato. Há um superávit comercial pró EUA nas relações comerciais entre nós e
eles. Compramos mais do que eles compram de nós. Dito dessa forma parece que o
Brasil está “dando uma mãozinha” para os americanos. No entanto, não é bem por
aí.
Os
produtos americanos vendidos ao Brasil são mais caros porque se tratam de
produtos industriais. Tais produtos são os que agregam mais valor numa
economia. Um exemplo clássico disso é o Japão, cuja pauta de suas exportações é
constituída quase que totalmente por produtos industriais. Daí as vultosas
quantias ganhas com suas exportações.
No
caso do comércio bilateral Brasil/EUA, os produtos comprados pelo Brasil são
representados por motores, medicamentos, máquinas e equipamentos. Por isso seus
preços são elevados. Já os produtos brasileiros comprados pelos EUA são
representados essencialmente por produtos primários, como suco de laranja, café
e óleos vegetais. Ora, produtos primários – as chamadas commodities – são os
que agregam menos valor numa economia, pois servem apenas de matérias-primas
básicas no processo de fabricação. São, portanto, mais baratos que os produtos industriais. Por isso seus preços são baixos quando comparados
aos produtos americanos. Uma consequência natural desse contexto é que mais
dependemos da economia americana do que ela de nós. O motivo é simples.
Produtos
primários são mais facilmente encontrados em outras economias do que produtos
industriais. Ou seja, é muito mais fácil para os EUA encontrarem óleos vegetais
e suco de laranja no mundo, a preços competitivos com os do Brasil, do que nós
encontrarmos motores em outros países para atender às nossas necessidades. Por outro lado, nossa dificuldade na busca de mercados alternativos para satisfazermos nossa demanda
interna esbarra em questões de natureza técnica.
Produtos
industriais são produzidos em série. Em razão disso, possuem especificidades
que podem não ser encontradas em nenhum outro país do mundo. É como se o
produto fosse fabricado “sob medida”, como que para atender a características que só
a economia brasileira possui. Isso reduz bastante as chances de mercados
produtores alternativos no mundo, o que eleva consideravelmente a dependência da
economia brasileira da economia americana.
Ou
seja, melhor deixar o mi mi mi de lado e dialogar como gente grande. As
consequências poderão ser bastante danosas se não chegarmos a um número tarifário
que seja bom para nós e para os EUA.
Nada
obstante todo esse imbróglio, ao que tudo indica, o presidente Lula sinaliza
que não quer sentar à mesa das negociações com o presidente americano. Depois
de proferir uma enxurrada de adjetivos
contra Donald Trump – isso não é de hoje, diga-se de passagem – ele prefere
enviar seus auxiliares – Alckmin, Haddad, Embaixada do Brasil nos EUA - para dialogarem com o tesouro americano. A
meu ver, há dois erros graves nessas iniciativas.
Primeiro,
o diálogo não é com o tesouro americano. O papo deve ser com a Casa Branca.
Segundo, a conversa tem de ser de presidente para presidente como, aliás,
fizeram a Índia, o Canadá, o México, a Argentina, o Japão e tantos outros. A
pergunta que não quer calar: será que Lula se coloca em posição superior aos mandatários
desses países, mesmo dependendo fortemente da economia americana? Era ele que deveria conversar pessoalmente com
o Trump e não seus auxiliares. Chega a ser grosseira e deselegante a conduta do
governante brasileiro em sede da diplomacia internacional. Historicamente, as
relações exteriores brasileiras foram sempre reconhecidas como uma das melhores
do mundo. Seguramente, um de seus maiores expoentes foi Paulo Tarso Flecha de
Lima, reconhecido mundialmente por sua habilidade e talento no trato
diplomático nas últimas cinco décadas. A postura do presidente Lula se afasta
completamente da costumeira postura do governo brasileiro perante a comunidade
internacional.
Não
bastasse os pesados adjetivos dirigidos pelo presidente Lula ao presidente
Trump, o governante brasileiro não esconde sua simpatia por governos
reconhecidamente ditatoriais. Um dos encontros mais emblemáticos, talvez tenha
sido a participação do presidente brasileiro no desfile militar russo no dia 9
de maio, em que o governo Putin comemorou a vitória sobre o Nazismo. Ao lado de
Lula estavam figuras nada republicanas,
como Nicolás Maduro (Venezuela) e Xi Jinping (China). Outro fato que chamou a
atenção da Casa Branca foi a autorização dada por Lula ao Iran, ao permitir que
dois navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro.
Essas
são apenas algumas trapalhadas do presidente brasileiro. Mais do que atitudes
estratégicas erradas, elas podem representar a asfixia da economia brasileira
e, por extensão, de toda população brasileira, inclusive de todos aqueles que
simpatizam com o governo Lula.
Questiono:
será mesmo que o atual presidente brasileiro está preocupado com o povo de seu
país?????
Alipio
Reis Firmo Filho
Conselheiros
Substituto – TCE/AM
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