O épisódio do mensalão revelou - uma vez mais -
detalhes do crime organizado no Brasil. Através dele pudemos conhecer mais de
perto como ele é articulado junto aos altos escalões governamentais. Também
tomamos conhecimento como importantes figuras políticas e empresariais agiam,
os métodos que adotavam, as tramas que montavam e de como todos eles estavam
envolvidos. Passada a fase de julgamento entramos numa nova etapa: a etapa dos
recursos judiciais.
Os condenados tentam agora, a todo custo, reverterem as sentenças proferidas. Não estão economizando esforços. Vão, segundo eles, às últimas conseqüências, a fim de provarem sua inocência. Há propostas para todos os gostos. Desde aquelas que pregam a saída do Ministro Joaquim Barbosa do processo até queixas formuladas junto a organizações de justiça internacionais.
Nada obstante as robustas provas produzidas no
processo – contra os condenados – há uma tentativa quase que desesperadora
destes para se dizerem injustiçados.
Injustiçados por não terem tido oportunidade de
defesa.
Injustiçados por que alguns dos que proferiram a
sentença condenatória não levaram em consideração o fato de terem sido indicados
pelo governo para os cargos que hoje lá ocupam.
Injustiçados porque o julgamento está recheado de omissões,
lacunas e contradições.
Injustiçados porque não foram absolvidos. Porque
o julgamento foi um julgamento político, injusto, movido por pressões populares
e da imprensa falada, escrita e televisionada.
Enfim, injustiçados porque foram condenadas
importantes figuras políticas e empresariais...
Esperamos, firmemente, que o Supremo Tribunal
Federal mantenha seu entendimento.
Não é possível que depois de tanto esforço,
exame, leitura e dedicação, o órgão máximo da justiça brasileira entenda que,
de fato, pecou nesta ou naquela ocasião e depois conclua pela absolvição dos
condenados.
Sabemos muito bem que o julgador deve ser antes
de tudo justo. Não há lugar para uma justiça que proclame a injustiça. Mas
também sabemos que diante de provas tão robustas, cristalinas e suficientes,
não há outro caminho a percorrer senão o da condenação dos réus.
Torcemos para que o desfecho da fase recursal não
nos traga surpresas (desagradáveis). Do contrário, morreremos na praia mais uma
vez, sem poder recorrer a mais ninguém. E ter que ouvir os condenados falarem
em alto e bom tom que “a justiça foi feita” ou “saio de cabeça erguida”. Mais que isso. Será o prêmio para quem desvia,
se locupleta e aufere benefícios pessoais; incentivando outros a também
desviarem, se locupletarem e auferirem benefícios pessoais.
Outros talvez dirão: “como é difícil fazer
justiça nesse País”.
Que Deus nos proteja a todos!