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terça-feira, 7 de abril de 2020

A CLOROQUINA E A COVID-19


(*) Artigo publicado no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com.br)

Há uma dúvida que é recorrente entre as pessoas e vem circulando nas redes sociais: se a Cloroquina tem se mostrado eficiente em alguns casos, por que então os médicos não a administram aos pacientes muito antes que eles apresentem o agravamento de seu quadro clínico?
Embora eu não seja infectologista ou profissional da medicina, tenho lido muito sobre a Covid-19. Nessa caminhada literária, já vi vários depoimentos de médicos e infectologistas sobre a Cloroquina ou Hidroxicloroquina. De tudo o que tenho lido e ouvido, dá para fazer algumas considerações a respeito.
Cada medicamento tem suas próprias particularidades, pois sua composição é feita sob medida, isto é, para atender a uma patologia específica. Quando os órgãos de vigilância e saúde liberam um medicamento para uso é porque tais medicamentos já possuem um protocolo fechado, construído ao longo de um extenso período de pesquisa. O que os médicos chamam de protocolo nesses casos? Simples: idade do paciente, suas condições orgânicas, horários para ingestão da medicação, quantidade de doses, efeitos colaterais catalogados (leves, moderados e graves), dentre outros. Muitas pesquisas duram um longo espaço de tempo (5 anos, 10 anos, 20 anos, 30 anos ou mais). Tal protocolo, no entanto, SERVE APENAS PARA A PATOLOGIA QUE MOTIVOU A PESQUISA, NÃO PARA OUTRAS PATOLOGIAS, AINDA QUE SEMELHANTES.
Cada protocolo é como se fosse uma roupa feita sob medida para uma pessoa (para uma doença ou patologia). Nesse sentido, se usarmos a roupa confeccionada para um  indivíduo em outra pessoa, é possível que suas medidas caibam exatamente no corpo do novo indivíduo. Mas é possível também que a vestimenta fique folgada, apertada, muito longa ou curta demais; enfim, pode ser que a indumentária não sirva para a nova pessoa. Em medicina isso se chama EFEITOS COLATERAIS.
No caso da Covid-19, pelo vírus apresentar semelhanças com outros vírus que já possuem protocolos fechados, isto é, protocolos prontos; os pesquisados estão tentando aplicar esse protocolo (formulado inicialmente para a malária) para combater o vírus. Lembremos, entretanto, que o protocolo está sendo usado ALTERNATIVAMENTE, mas ainda não é um protocolo fechado, até porque ele foi construído para um tipo específico de anomalia (MALÁRIA) e não para a Covid-19. Uma das preocupações dos médicos é com os efeitos colaterais da Cloroquina. Uma delas é a arritmia cardíaca que, num paciente com malária, pode seguir protocolos seguros, mas em pacientes da Covid-19 pode ser perigoso e mesmo LETAL. Por isso é que os médicos só usam a droga em último caso, quando o paciente já não mais responde às medidas tomadas para salvar-lhe a vida. Em alguns casos, há pacientes que responderam positivamente, isto é, eles se recuperaram ou tiveram os sintomas da doença reduzidos. Em outros, contudo, infelizmente os pacientes foram a óbito, talvez, decorrente do próprio uso do medicamento, dada suas frágeis condições clínicas.
É por isso que a recomendação médica é no sentido de que todos evitem o uso da droga por conta própria. É preferível e seguro deixarmos para os médicos decidirem quando aplicá-la. Evitemos a automedicação, pois isso poderá representar perigo para a própria saúde.

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