A política fiscal é uma das quatro "secretárias" que auxiliam a política econômica a alcançar os seus objetivos (vide nosso artigo intitulada O QUE É POLÍTICA ECONÔMICA?)
Por ser um tema extremamente
técnico e que normalmente se insere no contexto econômico, a grande maioria das
pessoas desconhece seus contornos e, em razão disso, podem tirar conclusões
equivocadas.
Para
entendermos o que é política fiscal é preciso que tenhamos em mente o seguinte:
o governo, assim como qualquer indivíduo, possui gastos. Ele precisa pagar a
folha de salários dos servidores, construir escolas, hospitais, rodovias; tem
de pagar o consumo de energia elétrica, água e telefone, enfim, ele tem
gigantescas obrigações a quitar. Para atender a esses gastos, ele precisa,
também como qualquer indivíduo, de receitas. São elas que irão financiar os
gastos públicos.
As
receitas do governo normalmente são representadas por impostos e contribuições,
que são retirados compulsoriamente da sociedade.
Portanto,
o governo possui, de um lado, gastos que têm de ser realizados e, de outro,
receitas que provém da sociedade sob a forma de impostos e contribuições. Esse
quadro geral de despesas e receitas governamentais é o que chamamos de
orçamento público.
Outro
ponto que precisa ser convenientemente entendido é de natureza puramente
econômica.
Em
economia, quanto mais alguém compra de uma empresa, mais estimula essa empresa
a vender. Ou seja, as compras estimulam as vendas. Mas não apenas isso. Ao
estimular as vendas, as compras dos indivíduos elevam os lucros dessa empresa e
também pressionam os donos da empresa a contratarem mais funcionários. Esses
novos funcionários, antes desempregados, irão contar agora com um trabalho
através do qual irão passar a ter uma renda (salários). Esses novos salários
irão ser destinados a novas compras num círculo virtuoso sem fim.
Em
suma, um simples aumento nas vendas de uma empresa, estimulada pelo aumento na
compra de seus produtos produzirá todo um efeito na economia. Imagine isso
acontecendo em supermercados, postos de gasolina, lojas de departamentos, etc.
Pois
bem. Conforme dissemos acima, o governo é como se fosse um indivíduo. Ele
compra bens e serviços financiados por seu “salário” (as receitas públicas).
Ocorre que ao comprar bens e serviços do setor privado ele acaba estimulando as
vendas do setor. Ocorre um círculo virtuoso, igual ao que acabamos de
descrever. Se, entretanto, ele reduz suas compras, as vendas caem e o efeito na
economia é inverso: menos lucros, pessoas que estavam trabalhando tendem a ser
dispensados, isto é, ficarem desempregados e, por extensão, sem salários, etc.
No primeiro caso, há uma elevação geral da atividade econômica; enquanto no
último, uma redução nesta atividade. Na primeira situação o governo pratica uma
política fiscal expansionista, enquanto na última uma política fiscal
contracionista. Resumindo, teremos:
+
Compras do governo → + atividade econômica → Política fiscal expansionistas
- Compras do governo → - atividade econômica → Política fiscal
contracionista
Mas
não é somente através de seus gastos que o governo interfere na economia. Ele
pode chegar a esse objetivo também por meio de suas receitas. Vejamos.
Quando
o governo eleva os impostos e contribuições que compulsoriamente retira da
sociedade ele pratica uma política fiscal contracionista: a parcela da renda
retirada da população reduz o seu poder de compra de bens e serviços no mercado
privado. O efeito será o mesmo quando o governo reduz as suas compras. Ao
contrário.
Se
o governo reduz os seus impostos e contribuições ele deixa com a comunidade uma
parcela adicional de renda (que antes era recolhida para os cofres públicos). O
efeito será o mesmo quando o governo decide comprar mais da iniciativa privada.
Em resumo:
+ impostos/contribuições → - atividade econômica → Política fiscal
contracionista
- impostos/contribuições → + atividade econômica → Política fiscal
expansionista
A
política fiscal diz respeito, portanto, ao aumento/redução de
compras/impostos/contribuições governamentais. Através dela o governo expande
ou contrai a atividade econômica.
Atualmente, o governo federal tem usado a política fiscal como meio de elevar o consumo interno, isto é, fazer com que as pessoas comprem mais bens e serviços. Um exemplo disso, são as reduções do IPI na compra de veículos novos. Outro exemplo, são as desonerações das contribuições pagas nas folhas de pagamento. Em ambas as situações, o governo federal está renunciando a parcelas de suas receitas fazendo com que elas permaneçam nas mãos dos consumidores/produtores.
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