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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

UM BREVE BALANÇO SOBRE A ECONOMIA AMERICANA NO GOVERNO BIDEN

 

O governo Biden finalizou no mês passado seu quarto ano de mandato. Passou o  “bastão” para o novo presidente, Donald Trump após sofrer uma derrota memorável nas eleições presidenciais americanas para Trump.  A vitória de Trump foi avassaladora. Obteve a maioria das cadeiras no Senado, na Câmara dos Representantes  e ainda saiu vitorioso nas urnas americanas, onde obteve também a maior parte dos votos.

Trump também contará com o apoio da Suprema Corte americana. Seis dos nove integrantes são conservadores. Ao que tudo indica, o novo presidente  poderá governar o País sem muitos ruídos da oposição.

Economicamente falando, a administração Biden teve muitos sobressaltos. Talvez o maior deles esteja relacionado à inflação, principalmente pós pandemia. O certo é que já há algum tempo a economia americana não tem obtido o costumeiro desempenho, embora continue sendo considerada a economia mais forte do mundo.

Alguns dos indicadores econômicos revelam o governo Biden sob uma outra ótica, mais objetiva e sem as paixões político-partidárias. Por isso os números da economia de um país são tão importantes, pois são capazes de traduzir de forma mais fiel, realista e objetiva a capacidade de administração de seus governantes.    

Em termos de crescimento econômico a economia americana deu um “salto” logo no primeiro ano do governo Biden. Seu PIB passou de 21,32 trilhões de dólares registrados no ano anterior para 23,59 trilhões. Um crescimento da ordem de 5,8%. Nos anos que se seguiram evoluiu para 25,74 trilhões (2022), 27,36 trilhões (2023) e uma projeção de crescimento para 2024 de 29,16 trilhões.  De se ressaltar que Biden não experimentou os amargos sabores do ano pandêmico (2020), muito embora tenha sofrido seus reflexos, aliás, como todos os países do mundo.

A taxa de desemprego do governo Biden foi ligeiramente inferior à do governo Trump nos anos de 2022 (3,6% contra 3,8% de Trump em 2018) e 2023 (3,6% contra 3,7% de Trump em 2019). No entanto, no seu primeiro ano de mandato foi superior a de Trump. Biden registro 5,4% de taxa de desemprego enquanto Trump alcançou 4,4%. No último ano de seu mandato – 2024 – a taxa de desemprego registrada no governo Biden foi metade da registrada no último ano do governo Trump, respectivamente, de 4,1% e 8,1%. Ressalte-se, contudo, que o último ano de Trump correspondeu ao início da pandemia, representando a desaceleração brusca da economia em todo o mundo. Nos EUA não foi diferente.

No entanto, a inflação e a taxa de juros no governo Biden foram significativamente superiores aos do governo Trump. Aqui, talvez, resida a maior diferença entre os dois mandatários.

A inflação anual acumulada no governo Trump foi de 2,1% (2017);  2,4% (2018);  1,8% (2019) e 1,2% (2020). Lembrando que o ano de 2020 foi o pico da pandemia no mundo. Biden, ao contrário, experimentou amargos índices inflacionários   principalmente nos anos de 2021 (7%) e 2022 (8%). Em  2023 foi de 4,1% e 2024 de 2,9%. Ressalte-se que a inflação de 2021 foi a maior desde 1982 que, todavia, foi superada no ano seguinte pelo próprio governo Biden. Muito provavelmente este tenha sido um dos motivos para sua expressiva derrota em 2024. Também no último ano de mandato do governo Biden houve trajetória de crescimento da inflação americana. Trump terá de adotar medidas de contensão do índice inflacionário para evitar os sobressaltos experimentados no governo de seu antecessor.

Tendo em vista a disparada da inflação no último quadriênio americano, as taxas de juros adotaram a mesma trajetória. Para combater as taxas inflacionárias o Governo Biden teve que adotar taxas de juros elevadas o que encareceu o custo de vida dos americanos: 2021 (0,08%); 2022 (4,4%); 2023 (5,33%) - foi a taxa de juros mais alta desde a crise financeira de 2007 e 2008; e 2024 (2,9%).

Historicamente falando, o povo americano não está acostumado a conviver com preços elevados. Muito provavelmente, esse foi um dos principais fatores que concorreram para os desejos de mudança sinalizados nas últimas eleições americanas. Com efeito, a eleição de Donald Trump representa, economicamente falando, um desejo de retorno à era de ouro vivida pelos americanos, sabidamente traduzida por uma economia realmente forte e não sujeita aos solavancos de administrações sem compromisso com a riqueza e estabilidade socioeconômica.

Até aqui, os discursos de Trump têm ido nessa direção.

 

Alipio Reis Firmo Filho

Conselheiro Substituto – TCE/AM