(*) Texto publicado na Coluna do Autor no Fato Amazônico (www.fatoamazonico.com)
No mês de outubro passado
o Fundo Monetário Internacional divulgou alguns indicadores importantes sobre a
economia mundial relativos aos anos de 2017 e 2018. Essas publicações fazem
parte de um conjunto de dados publicados anualmente pelo Fundo, que servem de
balizamento para as principais economias do planeta. Muitos deles foram
revistos pelo órgão, quando comparados com aqueles publicados no mês de abril
do corrente ano no seu World Economic
Outlook (Perspectivas para a economia mundial), tradicionalmente divulgado
naquele mês em todos os anos. A grande notícia é que as perspectivas e os rumos
da economia mundial são animadores.
Segundo as projeções, o
crescimento global em 2017 deve fechar em 3,6%. 2018 vai um pouquinho além:
algo em torno de 3,7%. A notícia é um
alento quando comparada com o crescimento de 2016 (3,2%) – o pior desempenho
desde a crise financeira de 2007/2008 que atingiu várias economias avançadas,
em especial, os EUA. Ou seja, a engrenagem dos principais sistemas econômicos
no mundo começa a ganhar força e girar mais rapidamente.
A melhora da economia
global já havia dado sinais a partir do segundo semestre de 2016. A grande
notícia é que ela continuou no primeiro semestre de 2017 – de forma mais
vigorosa até, com destaque para os mercados emergentes e em desenvolvimento,
puxados, em parte, pela melhora nas economias avançadas. Portanto, a retomada
do fôlego da economia brasileira não é um caso isolado. Ela acompanha uma
tendência mundial.
De acordo com o FMI, os
responsáveis pela onda de crescimento foram os países da zona do euro, o Japão
(quem diria!?), as economias emergentes da Ásia (China, em especial), as
economias emergentes da Europa e a Rússia. O crescimento de todos eles foi mais
do que suficiente para aplacar o arrefecimento experimentado nas economias
britânica e americana. Nada obstante, o crescimento ainda continua sendo tímido
em boa parte dos países, muito embora a inflação esteja abaixo dos tetos
fixados na maioria das economias avançadas.
Os países exportadores de
matérias-primas – especialmente combustíveis – têm sofrido queda nos preços dos
produtos exportados. Estão nessa condição muitos países da América Latina, da
Comunidade dos Estados Independentes e da África Subsariana (parte da África
situada ao sul do deserto do Saara).
Tomando por base os
índices publicados pelo FMI no mês de abril último, os países da zona do euro,
Japão e Canadá são os maiores responsáveis pela revisão para cima dos índices
de crescimento anteriormente divulgados pelo Fundo. Em abril a perspectiva de
crescimento era de 2 %. Agora, ela saltou para 2,2%. Por outro lado, houve
revisão para baixo no crescimento do Reino Unido em 2017 e dos EUA, nos anos de
2017 e 2018. Em ambos, a revisão foi de cerca
de 0,1%.
Também as perspectivas de
crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento foram revisadas para
cima tanto em 2017 quanto 2018, em relação ao informe do FMI de abril do
corrente ano. A revisão foi de 0,1%, graças à economia chinesa que em abril
devia crescer 6,6% em 2017, mas que agora deve alcançar 6,8% (muito embora o
crescimento chinês se deu de maneira mais vigorosa no primeiro semestre do que
no segundo). A força do crescimento chinês para 2018 decorre em grande parte da
combinação de uma política econômica expansiva em conjunto com a meta de dobrar
o PIB chinês entre 2010 e 2020. Em 2010 o PIB foi de 6,3 trilhões de dólares. Há
projeções de que ele alcance 13,8 trilhões de dólares em 2020 o que, ainda
assim, ficaria abaixo do PIB americano que em 2016 fechou em 18,2 trilhões de
dólares e que em 2020 alcançará tetos ainda superiores.
Também as economias
emergentes da Europa acusaram crescimento graças à Turquia e outros países da
região, além de economias de fora do continente europeu como Rússia, em 2017 e
2018 e Brasil, em 2017.
Em linhas gerais,
prevalece um certo otimismo nos mercados financeiros com avanços verificados
nos mercados de ações tanto nas economias avançadas quanto nos mercados
emergentes. Espera-se uma política monetária mais moderada em comparação com as
expectativas de março do corrente ano. As taxas de juros a longo prazo dos EUA
baixaram em torno de 25 pontos básicos enquanto o dólar americano se depreciou
em pouco mais de 5% em termos reais, em contraponto com o euro, que se apreciou
em termos reais no mesmo período.
Um dado bastante positivo
também se verifica nas taxas de inflação. Desde abril elas têm caído, reflexo
da queda nos preços do petróleo observada nos últimos meses. Particularmente
nas economias avançadas a inflação permanece atenuada graças principalmente à debilidade nos aumentos
salariais. O mais provável é que nesses países as taxas inflacionárias avancem
gradualmente, mas dentro das metas de inflação estipuladas pelos bancos
centrais. Nos mercados emergentes e em desenvolvimento as taxas de inflação têm se comportado de forma moderada.
ALIPIO
REIS FIRMO FILHO
Conselheiro
Substituto – TCE/AM